Considerando o consumo e as ligações de energia elétrica como indicadores, os municípios da região mostram alguns sinais de recuperação econômica. É o que pode ser afirmado quando se analisa os números estratificados por tipo de consumidores, como industrial, residencial e comercial e rural, em cidades como Apucarana, Arapongas, Jandaia do Sul e Ivaiporã.
No geral, o comércio demonstra uma reação mais rápida, por exemplo se comparado com o desempenho no setor industrial, onde ainda há números negativos na região sob análise. Nessas quatro cidades o comércio tem dados positivos.
O destaque do segmento é Apucarana, onde o consumo do primeiro trimestre desse ano, comparado com o mesmo período de 2021, teve um aumento de 10,82%, indo de 14.130 megawatts/hora para 15.659 (MWh). O número de ligações comerciais também cresceu na cidade, indo de 5.264 consumidores para 5.434, alta de 3,22%.
O segundo melhor resultado do comércio regional está em Ivaiporã, com alta de consumo na casa de 10,44%, indo de 3.505 MWh para 3.871. As ligações locais, ou seja, base de consumidores do comércio, subiu de 1.414 para 1.445, alta de 2,19%.
Jandaia do Sul registrou uma alta de 9,52% no consumo de energia elétrica no setor comercial. Foi de 2.615 MWh para 2.864, enquanto o número de consumidores dessa base cresceu apenas 0,37%, indo de 1.058 para 1.062 ligações ativas.
Arapongas teve aumento de consumo de energia no comércio um pouco inferior ao de Apucarana. Na cidade, o consumo subiu de 14.755 MWh para 15.443, aumento de 4,66%. O número de usuários também cresceu na casa de 4,06%, indo de 4.896 ligações para 5.095.
Embora o comércio mostre recuperação, a reação ainda está abaixo da média estadual, conforme dados do Paraná, divulgados pela Copel. A média de consumo no comércio em todo o Estado está em 12%, enquanto o número de usuários cresceu 2,1%, indo de 416 mil para 425 mil ligações.
Situação na área residencial, que é a maior base de consumo de energia da Copel, também mostra resultados positivos na região, embora ainda um pouco abaixo da média estadual. O consumo residencial no Paraná cresceu 7,% no trimestre, com um aumento de 2,3% na base de usuários, que foi de 3,97 milhões para 4,06 milhões de ligações.
A exceção regional foi Ivaiporã, que teve aumento um pouco acima da média estadual. A cidade registrou aumento de 7,58% no consumo de energia residencial, indo de 5.762 MWh para 6.199, enquanto o número de usuários cresceu apenas 1,76%, de 12.242 ligações para 12.548.
Jandaia do Sul registrou aumento de 7,10% no consumo de energia residencial (de 3.729 MWh para 3.994), e de 2,26% na quantidade de usuários (8062 ligações para 8.245).
Arapongas aumento consumo residencial em 5,31% (de 22.497 MWh para 23.693) e o número de ligações do segmento subiu 2,33%, indo de 45.086 usuários para 46.138.
Apucarana teve aumento de consumo residencial de 3,71% (24.449 MWh para 25.408), com a base consumidora aumentando apenas 1,52%, indo de 48.637 ligações para 49.379.
Para o presidente da ACIA, Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Apucarana, Wanderlei Faganello, os números precisam ser vistos com cautela. Segundo ele, muitas empresas do comércio, fechadas com a pandemia, não foram reabertas. Na associação comercial, diz, agora a entidade estaria voltando a ter números de associados próximos ao que tinha no início de 2020, quando pandemia começou.
A Acia informa perdeu mais de 10% dos associados porque empresas precisavam reduzir despesas. Entidade contava com 250 empresas associadas nas promoções dias dias das mães, dia dos namorados. No dia das mães agora, embora tenha aumentado as vendas em 8%, número de participantes foi de 140 empresas.
“Não vejo no nosso comércio, ainda, essa pujança dos números da Copel” diz Faganello. “Nem vejo lojas novas abrindo as portas”, reitera, avaliando que em termos gerais, “ainda estamos abaixo do que éramos em início de 2020”. Ele se apega aos dados que mostrariam quadro de retração da atividade, como as empresas deixando de se associar ou de participar das promoções como forma de reduzir despesas.
O prefeito de Ivaiporã, Carlos Gil, comemora que a cidade esteja mostrando reação econômica, projetando um pós-pandemia em que se tenha, pelo menos, as condições econômicas anteriores a pandemia. “Foi feito um plano pós-pandemia, com plano de ação, visando estimular a recuperação. Mas estamos ainda no meio desse caminho. Tem muito a fazer”, diz.
Gil destaca que a cidade vive um bom momento no comércio e na indústria, que inclusive apresentam saldos positivos na geração de emprego. “A cidade vem se consolidando como importante polo do comercio para a região, recebendo um número cada vez maior de visitantes”, diz o prefeito, lembrando inclusive que a ampliação de serviços acaba gerando esse resultado. Exemplo é a inauguração do Hospital Regional, que além de gerar mais de 180 empregos diretos, traz diariamente um fluxo maior de pessoas da região em busca de atendimento médico, o que reflete na área comercial.
INDÚSTRIA
Os resultados de consumo e de ligações industriais, no entanto, são melhores nas cidades menores. As duas cidades referências regionais, Apucarana e Arapongas, embora tenham atividade econômica mais sólida, apresentaram desempenhos abaixo da média estadual.
A Copel informa que o consumo industrial no Paraná cresceu 2,2%. Na região, Jandaia do Sul foi o ponto fora da curva, com aumento de 111,89%, indo de 1.547 MWh para 3.278 MWh. Porém, a base de consumidores caiu -1,07%, de 372 ligações para 368 ativas. Segundo a Copel, essa variação acentuada decorre da atuação de um grande consumidor do chamado mercado livre, no caso, uma empresa de fabricação de álcool.
Ivaiporã teve alta de consumo na casa de 4,02%, bem acima da média estadual. Foi de 646 MWh para 672 MWh no trimestre desse ano, com alta de 7,62% na quantidade de ligações ativas, indo de 118 usuários para 127.
Ivaiporã ampliou o parque industrial, que tem recebido melhorias. Programa de fomento para o setor, no município, permite a cessão de terrenos para futuras doações às indústrias que se instalem na cidade. Três novas indústrias estão em fase de instalação dentro do programa, com a geração de novos 150 empregos, ainda nesse ano.
Apucarana registrou dados positivos no consumo industrial, mas de apenas 0,44%, subindo de de 30.894 MWh para 31.033. O número de usuários do setor subiu 0,52%, de 1902 ligações para 1.912.
Já Arapongas, considerada um dos mais importantes polos industriais, principalmente por causa da indústria moveleira, teve desempenho negativo. O consumo de energia elétrica do setor caiu -11,25% no primeiro trimestre desse ano, comparado ao mesmo período de 2021. O consumo caiu de 44.773 MWh para 39.734, embora tenha apresentado um pequeno aumento na quantidade de ligações ativas, indo de 2.462 usuários para 2.474.
O diretor executivo do Sindicato da Indústria Moveleira de Arapongas (Sima), Silvio Luiz Pinetti, disse que os dados da Copel dependeriam, ainda, de uma análise mais profunda. Segundo ele, embora tenha ocorrida uma redução da atividade industrial, decorrente da conjuntura econômica, “não foi tão acentuada”, disse, sobre os dados da Copel. “Tivemos férias coletivas em janeiro e em fevereiro. Talvez isso, combinado com uma retração do mercado, tenha influenciado os números”, comenta. O executivo lembra que não houve fechamento de indústrias e destaca, inclusive, que dados do Caged mostram saldo positivo nas contratações realizadas pela indústria.
COPEL
O consumo de energia na área de concessão da Copel – que cobre 393 dos 399 municípios do Paraná e atende a 4,95 milhões de unidades consumidoras – teve alta. Nos três primeiros meses do ano, o consumo de energia cresceu 5,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior, saltando de 8.041 gigawatts (GWh) para 8.510 GWh vendidos. A base de clientes, que era de 4,86 milhões, aumentou em 1,7% na comparação dos dois períodos.
O crescimento do consumo de energia no Paraná, na comparação dos dois trimestres, foi maior que as expansões do Brasil (0,5%) e da Região Sul (5,6%).
A Copel explica que esse consumo é o chamado “mercado fio” e inclui a energia fornecida a consumidores cativos, atendidos pela Copel Distribuição, e a consumidores livres – com demanda a partir de 500 kW, que optam por deixar o mercado regulado para negociar a compra de energia no mercado livre.
O maior aumento de consumo de energia foi da classe comercial, com alta de 12% (de 1.500 GWh para 1.705 GWh), sendo 9,6% no mercado cativo e 18,4% no mercado livre. O número de clientes aumentou em 2,1% neste setor, sendo 2% no mercado cativo e 22,1% no mercado livre, pulando de 416 mil para 425 mil clientes.
O consumo de energia no segmento residencial, a mais numerosa base de clientes da Copel Distribuição, aumentou 7,5% (de 2.108 GWh para 2.267 GWh). Já o número de consumidores residenciais aumentou 2,3% na comparação dos períodos, passando de 3,97 milhões de clientes para 4,06 milhões.
No setor industrial, o aumento do consumo de energia foi de 2,2% (de 2.880 GWh para 2.944 GWh), em função do crescimento dos setores de fabricação de produtos alimentícios (6,4%) e fabricação de produtos de madeira (5,1%). No segmento industrial, houve aumento de 4,7% no consumo dos clientes que compram energia no mercado livre (de 2.319 GWh para 2.428 GWh) e usam o fio da Copel. O número de clientes industriais que compram energia no mercado livre também cresceu, em 14,4%.
O total de energia vendida pelo grupo em todo o Brasil, incluindo, além do mercado fio, também as vendas da Copel Geração e Transmissão e da comercializadora Mercado Livre de Energia também cresceu. Estas vendas alcançaram 17.151 GWh no primeiro trimestre, um crescimento de 9,4% na comparação dos períodos, passando de 3,97 milhões de clientes para 4,06 milhões.
Por, Claudemir Hauptmann