Herbicidas e fertilizantes tem reajustes de até 300% no ano

Autor: Da Redação,
domingo, 10/04/2022
Herbicidas e fertilizantes tem reajustes de até 300% no ano

A disparada da inflação acompanhada pelos consumidores na compra dos alimentos nas prateleiras dos supermercados também ocorre do outro lado da cadeia produtiva. Está mais caro produzir comida no Paraná. Em 12 meses encerrados em fevereiro, alguns insumos tiveram reajuste de até 300%. Dos 650 itens pesquisados trimestralmente pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), 27 deles tiveram reajustes acima de 100% e apenas 18 tiveram preço reduzido.

A pesquisa do Deral é realizada nos 19 núcleos regionais da Seab no Estado e considera os preços praticados em balcão, varejo. A cada três meses o Deral calcula a estimativa de custos de produção de diversos setores. No cálculo entram preços pagos na compra e locação de insumos ou fatores de produção usados na agropecuária. 

No último levantamento trimestral tabulado em fevereiro, o grupo de herbicidas apresentou os maiores aumentos. Um deles, por exemplo, o glifosato 480, apresentado em galão de 20 litros teve um aumento de 333,4% entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022, indo do preço médio de R$ 296,67 para R$ 1.285,71. 

Entre os fertilizantes e correlatos, conforme a pesquisa, alguns itens também subiram muito acima dos 100%. É o caso do cloreto de potássio, com aumento de 162,5%; sulfato de amônia (farelado) com 115,3%; Sulfato de Amonia (granulado), com 142,4%

O economista Paulo Sérgio Franzini, do Deral em Apucarana, diz que a variação de alguns preços revelados neste levantamento trimestral está anormal, quando se considera a série histórica do estudo. “Alguns fatores conjunturais explicam isso. Por exemplo, o fato desses produtos estarem atrelados ao câmbio e, com a desvalorização da moeda brasileira, as importações ficam mais caras”, diz.

Para ele, os custos de logística também pressionaram os preços dos produtos importados ao longo do período de 2021, principalmente por conta dos fretes marítimos mais caros e até da falta de containers. Franzini destaca inclusive que o fechamento dos preços desse estudo foi em meados de fevereiro. “E se fizesse a pesquisa hoje, a diferença seria ainda maior”, especula, considerando os efeitos da guerra na Ucrânia, posteriores ao fechamento da pesquisa.

PRODUTOR  JOGA LOTERIA

O custo de produção é uma preocupação constante entre produtores rurais. O presidente do Sindicato Rural Patronal de Apucarana, Claudomiro Rodrigues da Silva, o Mirinho Moisés, como é mais conhecido no meio, diz que a cada safra os produtores se sentem mais em risco. “A gente põe dinheiro na terra, faz o plantio na total incerteza, pelo clima e pelos preços”, diz. E arremata: “É pura loteria”.

Mirinho acaba de plantar o milho safrinha. Ele afirma que plantou pouco, basicamente pensando no consumo para seu gado. Ainda assim, o custo de produção se mostra proibitivo. “Na safrinha passada, em 21, me lembro que comprei ureia e paguei R$ 2.500 na tonelada. Para esse ano, paguei R$ 6.300 na tonelada”, informa. “Dá para imaginar isso?”, pergunta, tentando imaginar o impacto total no custo de produção. “E o adubo que usei ficou uns 200% mais caro do que o que comprei no ano passado”, complementa.

Por, Claudemir Hauptmann