Cafeicultura deve movimentar mais de R$ 125 milhões na região

Autor: Da Redação,
terça-feira, 15/10/2024
Carlos Bovo, presidente da Associação dos Cafeicultores de Apucarana

A produção de café deve movimentar mais de R$ 125 milhões neste ano na região. Estimativa da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab-PR) aponta produção superior a 5,5 mil toneladas de café beneficiado em área plantada de 3,8 mil hectares nos núcleos regionais da Seab de Apucarana e Ivaiporã que juntos abrangem 28 municípios. E mesmo com uma área plantada relativamente igual à do ano anterior a nível estadual, o preço recebido pelos produtores supera em até 73% os valores de 2023, conforme a Seab.

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Em Apucarana, os produtores encerraram a colheita de café com praticamente 1,9 mil hectares colhidos. A previsão média é de um rendimento de 3,1 mil toneladas de café beneficiado, o equivalente a 26 sacas de 60 kg por hectare, com estimativa de faturamento de R$ 71,9 milhões.

Com relação à área plantada, houve aumento de 120 hectares em comparação com o ano passado. Conforme o técnico do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Marco Antônio Casini Sanches, a soja perdeu um pouco de espaço em algumas áreas, dando lugar a cafeicultura. Essa expansão das lavouras de café, segundo ele, tem relação com as novas tecnologias empregadas nessa cultura que otimizam as etapas do processo de plantio e aumentam o rendimento.

“O cafeicultor está aumentando a área de plantio na região. Mas é um aumento gradativo. Isso porque, com a tecnologia que existe, com processo mecanizado para colheita, entre outras tecnologias, a cafeicultura dá um bom retorno. Então as novas tecnologias contribuem para aumentar as áreas de cultivo”, assinala o técnico.

Entre os cafeicultores que estão ampliando a área plantada está Carlos Bovo, presidente da Associação dos Cafeicultores de Apucarana. "Aumentei a área plantada neste ano e estou preparando para aumentar mais", afirma

Apesar das intempéries, a valorização do preço pago ao produtor está compensando o trabalho nas lavouras, afirma Bovo. "Esse ano a colheita foi boa, só teve um probleminha com a falta de chuva que deixou os grãos de café miúdos. Outro motivo foi a chuva de pedra que atingiu parte das lavouras de café, reduzindo a produção em algumas lavouras. Esse ano tivemos que colher mais para encher uma saca de 60,5 kg de Café beneficiado. Em termos de quantidade foi menor que o ano passado, mas o preço está compensando", afirma. 

Conforme especialistas, o preço do café segue em alta no país nos últimos dois anos, impulsionado por fatores climáticos que afetaram o Brasil e o Vietnã, principais produtores mundiais.

Na Seab de Ivaiporã, a projeção é de produzir 2,3 mil toneladas de café beneficiado, com faturamento de R$ 53,6 milhões. A produção até 36% menor que a do ano anterior impactou os preços para o produtor, que subiram até 45% dependendo a qualidade, afirma o engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), Sérgio Carlos Empinotti.

“Esse ano não foi bom para o café devido à estiagem. Houve uma redução de área e de produção em relação ao último ano. E com a baixa produção, o café valorizou”, comenta.

Cotação está 73% mais alta

No Paraná a cafeicultura ocupou em 2024 praticamente a mesma extensão territorial do ano anterior, com produção 8% menor. No entanto, os preços recebidos pelos produtores superaram em 73% os valores de 2023. Conforme o Boletim de Conjuntura Agropecuária do Deral, referente à semana de 4 a 10 de outubro, a safra de café deste ano já está totalmente colhida. Ela ocupou 25 mil hectares e a estimativa é uma produção de 40,2 mil toneladas. No ano passado foram obtidas 43,9 mil toneladas. Os produtores conseguiram comercializar a saca beneficiada por R$ 1.247,17, em média, durante setembro deste ano. Valor bem superior aos R$ 720,57 de setembro de 2023.

Produtor de café em Apucarana, Carlos Bovo destaca que a estiagem prejudicou um pouco a produção. “A falta de chuva deixou os grãos de café miúdos dando peneira baixa”, comenta, referindo-se a qualificação do café. Ainda assim, segundo ele, a alta no preço minimiza perdas. “Em termos de quantidade foi menor, mas o preço está compensando”, afirma o produtor que se prepara para aumentar área de produção na próxima safra.