Você sabia que, no Brasil, 52% dos casos de exploração, violência ou abuso sexual ocorrem dentro da casa da vítima e apenas 01 em cada 10 ocorrências é notificada às autoridades? No início da pandemia da Covid-19, a situação se agravou: houve aumento de 45% de casos de abusos sexuais no Brasil em relação a 2019. Esses dados, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, mostram o quanto o tema ainda precisa ser abordado para que, munida de informação, a sociedade possa proteger as crianças e os adolescentes.
É com esse objetivo que, neste mês de maio, o Município de Jandaia do Sul, por meio do Departamento de Assistência Social, está realizando a Campanha de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantojuvenil, com ações de reflexão e sensibilização. O cronograma foi intensificado na segunda quinzena com postagens nas mídias do município, LIVE para debate acerca do tema e publicações variadas.
A diretora do Departamento Municipal de Assistência Social, Renata Oribes Aguera, considera a iniciativa de fundamental importância, inclusive, para desmistificar o abuso sexual. Conforme relata, a exemplo do que ocorre no país, em Jandaia do Sul as notificações também ficam aquém do que realmente acontece. “É necessário trazer informações para que diminua o tabu que existe sobre esse assunto. Infelizmente, ainda há um estigma de que a culpa é da vítima, mas isso não é real. As pessoas não podem ter vergonha de denunciar”, ressalta.
Segundo a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH), 70% das vítimas de abuso sexual infantil moram com seus abusadores, e 40% deles são parentes diretos da criança. “É necessário ficar atento, pois o abusador não tem um estereótipo que o defina como tal, e este tipo de crime independe de classe social, sexo, raça ou grau de escolaridade”, alerta Renata. As meninas ainda são o principal alvo dos abusadores, porém, os casos voltados para as crianças do sexo masculino têm crescido a cada dia.
“Precisamos combater a violência sexual infantil e você pode ajudar o seu filho a não ser uma vítima”, reforça a psicóloga educacional Rosângela da Costa Gomes, no vídeo da campanha realizada em Jandaia. Mas como ajudar? Confira as dicas para saber orientar a criança ou o adolescente:
Passo 1 - Ajude o seu filho a escolher duas ou três pessoas adultas nas quais ele pode confiar. Passo 2 - Ajude-o a identificar os sentimentos de raiva, medo, tristeza e vergonha. Peça para a criança procurar a pessoa de confiança dela toda vez que um desses sentimentos vier à tona. Passo 3 - Mostre para o seu filho quais são as partes do corpo que podem e as que não podem ser tocadas. Partes íntimas são tocadas apenas para higiene ou cuidados e, se necessário, apenas com ajuda das pessoas de confiança. Não force a criança a abraçar ou beijar ninguém. Passo 4 - Ensine sempre os nomes corretos das partes íntimas do corpo, pois os apelidos atrapalham na hora de identificar um caso de abuso sexual.
Passo 5 – Fique atento aos sinais de alerta, como alterações no comportamento, mudança súbita de humor, insegurança excessiva, resistência a qualquer contato físico com outras pessoas e surgimento de hematomas.
Denuncie
Em caso de suspeita de abuso, ligue para o Disque 100 e faça a denúncia. A ligação é gratuita e pode ser anônima. O contato também pode ser feito com o CREAS (em Jandaia do Sul, pelo telefone 43-3432-4494), com o Conselho Tutelar (43-3432-9283) ou mesmo com o CRAS (43-3432-1212) que, embora não seja o órgão responsável por receber este tipo de denúncia, pode fazer o encaminhamento para as autoridades competentes.