Muita gente não sabia, mas Maurício Kubrusly, que trabalhou na TV Globo por mais de 30 anos, se afastou do trabalho e mudou para a Bahia após ser diagnosticado com um problema de saúde. O jornalista sofre com o mesmo problema que afeta Bruce Willis, a demência frontotemporal (DFT).
O diagnóstico de Kubrusly, que pegou muitos telespectadores de surpresa, foi revelado, no último domingo (20/8), durante o terceiro episódio da série especial sobre os 50 anos do Fantástico. A reportagem falava sobre o quadro Me Leva Brasil, apresentado pelo jornalista, no qual ele viajava o país contando histórias emocionantes e divertidas, como a do homem mais rabugento do Brasil.
Ao citar o jornalista, a matéria mostrou imagens dele andando na beira da praia ao lado de seu cachorro, Shiva: “Maurício Kubrusly deixou para trás São Paulo para mergulhar na natureza, o que tem sido um bom remédio para lidar com a Demência Fronto Temporal (DFT), que foi diagnosticado há alguns anos”, afirmou a legenda do vídeo.
E continuou: “A memória se foi mas, como ele sempre diz, permanece sua enorme paixão pela vida e pela gente brasileira”. Um dos comentários do episódio era feito por Pedro Bial, que falou sobre o ex-colega de emissora.
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“Maurício Kubrusly merece todas as nossas homenagens, não só pelo Me Leva Brasil, mas o Me Leva Brasil meio que abriga toda essa obra enorme desse grande jornalista”, afirmou ele.
Entenda a doença
A família de Bruce Willis informou, em fevereiro, que o ator foi diagnosticado com demência frontotemporal (DFT). Em 2022, foi anunciado que ele se aposentaria depois de um diagnóstico de afasia (dificuldades na fala), que evoluiu para o quadro atual.
“Infelizmente, desafios com comunicação são apenas um sintoma da doença que Bruce enfrenta. Enquanto isso é doloroso, é um alívio finalmente chegar a um diagnóstico claro”, afirmam os familiares do ator.
De acordo com o Manual MSD, cerca de metade das DFTs são hereditárias. Os principais efeitos da doença são mudanças na personalidade, comportamento e linguagem — apesar de alguns casos terem perda de memória, o sinal não é tão comum quanto no Alzheimer, outro tipo de demência.
O paciente tem dificuldade no raciocínio abstrato e na atenção, responde perguntas de maneira desordenada, torna-se impulsivo, perde as inibições sociais e negligencia a higiene pessoal. O comportamento torna-se repetitivo e estereotipado e há redução da expressão verbal, com repetição excessiva de algumas palavras.
Muitas pessoas com DFT têm, como Willis, diagnóstico de afasia, quando há redução da fluência, dificuldade de compreensão da linguagem e hesitação — este pode ser o único sintoma antes do diagnóstico em alguns pacientes.
É possível que o indivíduo tenha, com o avanço da doença, atrofia muscular generalizada, fraqueza, fasciculações e dificuldade para mastigar — por isso, pode ter risco de pneumonia por aspiração e até morte prematura. A condição é irreversível.
“DFT é uma doença cruel que muitos de nós nunca ouvimos falar e que pode atingir qualquer um. Para pessoas com menos de 60 anos, DFT é a forma mais comum de demência, e como o diagnóstico pode levar anos, a DFT é provavelmente muito mais dominante do que sabemos. Atualmente, não há tratamentos para a doença, uma realidade que esperamos poder mudar nos anos à frente. À medida que a condição de Bruce avança, esperamos que qualquer atenção da mídia possa se concentrar em iluminar esta doença que precisa de muito mais conscientização e pesquisa”, diz o comunicado da família de Willis.
Com informações Metrópoles.