Paloma Alecrim, que é atriz e produtora cultural, de 26 anos, se queixava de cansaço excessivo e, por conta disso, procurou um médico. Ela acreditava que o problema estivesse associado à Covid-19, já que contraiu a doença anteriormente, porém, em abril de 2022, começou a sentir sintomas incomuns, como espasmos musculares, movimentos involuntários e a voz ficando rouca com frequência. As informações são do UOL.
Os exames apontaram que, na realidade, ela estava com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). A doença rara é neurodegenerativa e pode causar paralisia e prejudicar a fala, que foi o caso de Paloma.
De Araçuaí (MG), ela vivia em São Paulo onde trabalhava como atriz, mas teve de voltar à cidade natal com o diagnóstico e a expectativa de apenas 2 a 4 anos de vida. "A doença chegou do nada. Comecei a sentir cansaço excessivo e fraqueza muscular em abril de 2022, mas associei meus sintomas às sequelas da covid que tive um ano antes", afirmou.
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Ainda segundo a atriz, o problema foi se agravando com o tempo. "Os sintomas se agravaram bastante ao longo dos meses e eu caía ao andar na rua ou subir na bicicleta, escorregava dentro de casa, não tinha força para cortar alimentos, tinha dificuldade para manusear talheres, não conseguia pentear o cabelo", alega.
Atividades que eram comuns na rotina de Paloma, começaram a se tornar grandes desafios. "Sofria com espasmos musculares, movimentos involuntários e a voz ficava rouca com frequência. Coisas simples do dia a dia eram grandes desafios e quem me conhece sabe que não sou assim. Meu corpo estava me avisando de que não estava bem", explica.
Ao notar que havia algo errado, a produtora rural decidiu ir a um médio para saber o que estava acontecendo. "Fui ao neurologista mesmo sem conseguir ter feito os exames solicitados: uma ressonância magnética e um eletroneuromiografia dos 4 membros. Na consulta de retorno, o lado esquerdo do meu corpo já estava bem comprometido, com atrofia na mão".
Mais sobre a doença
- A equipe de reportagem do Viva Bem, do UOL, conversou com o médico Thiago Taya, neurologista e neuroimunologista do Hospital Brasília (Rede Dasa) e professor de neurologia da Universidade Católica de Brasília, que explica a ELA é rara, principalmente em pessoas mais jovens.
- Afeta, em média, de 2 a 5 pessoas a cada 100 mil habitantes, dependendo do país
- Acomete, principalmente, pessoas acima de 45 a 50 anos e é mais comum em homens
- Pode ocorrer em pessoas mais jovens, mas é muito incomum
- Ainda há poucas certezas sobre a causa da doença, mas há um fator genético (o que não significa que seja hereditátria): ocorre por um mecanismo específico do DNA que gera a tendência a desenvolver a ELA.
- Na prática, ocorre o desgaste e morte de neurônios acometidos, que deixam de mandar mensagens aos músculos.
- Possui evolução rápida: a sobrevida é de 2 a 4 anos.
Sintomas
- Fraqueza muscular progressiva, que piora dia após dia, semana após semana, mês após mês. Atenção: um cansaço comum, após um dia de trabalho e que passa depois do descanso, não é sintoma da doença
- Pode começar em uma perna e um braço e depois vai avançado para os outros membros. Pode chegar ao rosto (o paciente não consegue mexer a boca, a pálpebra, a testa)
- Sensação de tremor no músculo, que é quando o músculo fica tremendo e mexendo sozinho. Pode acontecer em várias regiões do corpo
- Músculo enrijecido e contraído, o que impede a movimentação do membro
Tratamento
- Não há cura. O paciente deve passar por fisioterapia e fonoaudiologia, para tentar manter preservado o máximo possível de força muscular e de força da garganta
- Também é importante auxílio psicológico
- Não há como prevenir o desenvolvimento da ELA. O diagnóstico rápido é a melhor forma de evitar a progressão acelerada da doença