Tirar a carteira de motorista faz parte do sonho de muita gente, porém a retração econômica tem adiado este desejo para muitos e exigido jogo de cintura dos empresários do setor. A procura para fazer a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) diminuiu em média 35% no último trimestre de 2015.O período de férias é justamente a época de maior fluxo de alunos nas autoescolas em Apucarana por conta também do 13º salário. O percentual tem como referência o relatório de abertura de processos de habilitação pelo Departamento de Trânsito do Paraná (Detran). Em Arapongas, empresários do setor estimam queda maior, de 50%.
O presidente da Associação dos Centros de Formação de Condutores de Apucarana, Rildo Galeriani do Nascimento, explica que a queda é justificada por dois motivos: implantação da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) em Marilândia do Sul, em abril, e a crise econômica. Com a implantação da nova Ciretran em Marilândia, explica ele, Apucarana deixou de receber processos de Califórnia, Rio Bom e o próprio município de Marilândia do Sul. Ele destaca ainda que a tendência de retração deve piorar neste ano por conta da obrigatoriedade do simulador (ver box)
Para tentar atrair os candidatos a motoristas, os centros de condutores não só têm parcelado em dez vezes sem juros no cartão de crédito, como ‘congelado’ preços. Um exemplo é o empresário Giovane Vitalino, que resolveu não aplicar o reajuste de 15%, que ocorreu no final de 2014. Dono de uma autoescola há seis anos, ele avalia que a medida é essencial para continuar no mercado. “Também tivemos reajuste nos preços de água, luz e combustível, mas não conseguimos passar aos nossos clientes, porque a procura caiu muito nos últimos meses”, avalia. Ainda de acordo com Vitalino, a procura por parcelamentos também aumentou este ano. “Desde maio, o movimento tem registrado queda e o pedido por parcelamentos tem aumentado”, afirma. ARAPONGAS
ARAPONGAS = A situação de retração de mercado também é sentida em Arapongas. Outro empresário que diz que não repassou os aumentos aos clientes é Leovaldo Giroldo, de Arapongas. “Ainda estamos conseguindo segurar os preços, mas com a chegada do simulador, com certeza, o processo ficará mais caro”, acredita. Giroldo, que trabalha no ramo desde 1974, avalia que 2015 foi o ano mais crítico para o setor. “A procura caiu em 50% nos últimos três meses. Nunca passei por um ano tão difícil”, destaca. Para conseguir fechar negócios com interessados, ele revela que tem negociado o preço pessoalmente e, em alguns casos, feito o valor de 2014, conforme a forma de pagamento. (Colaborou Renan Vallim)
Simulador vai deixar conta mais ‘salgada’ Outro fator que pode comprometer ainda mais as situações das autoescolas, segundo Rildo Galeriane do Nascimento, é a implantação do simulador de direção, previsto para inicialmente para janeiro, mas transferido para junho. “Estamos brigando na Assembleia para que esta medida não seja obrigatória, e sim opcional. Caso isso não aconteça, o processo se tornará ainda mais caro”, avalia. De acordo com ele, o simulador exige adequação de espaço físico e investimento em torno de R$ 42 mil. Outra opção é alugar o programa por aula, que sairia, neste caso, por R$ 15. “O aluno vai pagar mais por menos tempo de prática, uma vez que a aula de direção na rua é de 50 minutos, e no simulador 30”, compara. Caso a implantação se torne obrigatória, Nascimento avalia que vai acabar resultando em mais demissões. “Alguns centros de condutores já têm demitido profissionais e reduzido a frota. Não estamos conseguindo repassar as taxas para os alunos e, no início de 2016, estão previstos novos reajustes das taxas do Detran”, diz.
Alunos parcelam ‘sonho’ de dirigir O operador de bordado Cleiton Cordeiro, 22 anos, de Apucarana, vai realizar o sonho de ter a carteira nacional de habilitação (CNH). Ele dividiu o processo em cinco vezes no boleto. “Há seis meses, eu comecei a planejar a habilitação. Economizei por três meses e agora estou fazendo as aulas práticas”, diz. Já o mecânico Adilson Francisco dos Santos, 43, parcelou o valor em dez vezes no cartão de crédito. “Daria para fazer em menos vezes, mas com as contas de fim de ano, ficaria mais difícil. O parcelamento facilitou bastante”, diz. Fransuelen Renata da Silva Pereira, 18, não precisou desembolsar nada. Quem custeou o processo da habilitação foi o pai Francisco Carlos Pereira. “Ele fez em duas vezes no cheque. Se fosse para eu pagar, ficaria mais complicado. Eu teria que parcelar em mais vezes”, admite.