Safra do milho safrinha avança no Vale do Ivaí

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 25/05/2012
Safra do milho safrinha avança no Vale do Ivaí

O plantio de milho safrinha teve um avanço significativo, neste ano, nos 22 municípios que compõem o Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) de Ivaiporã, região do Vale do Ivaí. A maioria dos agricultores, que antes cultivavam trigo nesta época do ano, decidiu abandonar a triticultura por falta de preços e agora está apostando no milho safrinha como alternativa de inverno.

Segundo o engenheiro agrônomo Sérgio Carlos Empinotti, responsável pelo Departamento de Economia Rural (Deral), do núcleo regional da Seab, o milho safrinha está ocupando neste ano uma área de 54.040 hectares, um aumento de 44%, em relação à safra anterior, que foi de 23.770. O montante já é superior à área de milho da safra de verão 2011/2012, que foi de 49 mil hectares.
De acordo com Empinotti, a área de trigo vem caindo a cada ano. Apenas de 2011 para cá a queda foi de 20%. Na safra passada foram plantados 82 mil hectares e, nesta, 65 mil hectares. Em 2011 foram colhidas 246 mil toneladas de trigo e a estimativa para este ano é de 195 mil toneladas.
Enquanto a área do milho safrinha cresce, a da safra de verão cai e dá espaço para a soja, grão que hoje está com o preço altíssimo e atraente para o agricultor. Na região de Ivaiporã. O milho das águas, como é conhecido, já teve uma área plantada de 100 mil hectares há uns cinco anos atrás e, hoje, não chega a 50 mil hectares, queda de 50%.
Já a soja registra neste ano uma área de 239.510 hectares, contra 230.500 no ano passado. A área só não cresceu de 2011 para 2012 porque os preços ainda estavam em baixa. Mas, segundo Empinotti, a tendência é a de que a próxima tenha um aumento de 20% no plantio.
Segundo Valdemir de Paula Barbosa, o Miro, gerente da unidade da Coamo em Ivaiporã, os agricultores filiados à cooperativa também têm deixado de lado o trigo e investido no milho safrinha. Não só por falta de preços, mas também para fazer a rotação de culturas e garantir palhada para o plantio das próximas safras de soja e milho de verão. Ele acredita que o aumento do milho safrinha, no entanto, deva ter chegado a 12%. A unidade da Coamo abrange os municípios de Ivaiporã, Arapuã, Ariranha do Ivaí e Jardim Alegre.
Nos 13 municípios do núcleo regional da Seab de Apucarana, a área de trigo caiu entre 12 e 15%, mas os produtores rurais também não investiram no milho safrinha, já que a região não tem tradição nesta cultura de inverno por causa do risco de geadas. Mesmo assim, o plantio de milho safrinha subiu de 15 mil para 20 mil hectares nesta safra, segundo o economista Paulo Franzini, do Deral.
Triticultura não dá retorno financeiro  
Os agricultores apontam vários motivos para abandonar o trigo e investir no milho safrinha. Segundo eles, a cultura não tem preço condizente com os custos de produção. Soma-se a isso o fato de que a safra é de alto risco por causa de adversidades climáticas, tais como estiagem no desenvolvimento da lavoura, excesso de chuva na colheita ou possíveis geadas. Além disso, após a colheita do milho safrinha a palhada é usada para cobertura do solo visando o plantio da soja.
O família Mandato, do bairro Ouro Verde, em Ivaiporã,  sempre plantou trigo na safra de inverno. Desta vez, os Mandato investiram no cultivo de 6,5 alqueires de milho safrinha. A lavoura é trabalhada pelos irmãos Ademar e Amarildo e pelo pai Giuseppe Mandato. “Sem preço bom e com um alto custo de produção, não dá mais pra gente ficar plantando trigo “, afirma o jovem Ademar.