Palácio do Planalto confirmou nesta quarta-feira, 6, por meio de nota, que os deputados Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) serão nomeados ministros. O anúncio é o desfecho de uma negociação pela entrada dos dois partidos no governo que teve uma série de avanços e recuos nos últimos dois meses. Silvio Costa Filho, de 41 anos, assumirá o Ministério dos Portos e Aeroportos no lugar de Márcio França, que vai para o Ministério do Empreendedorismo, Cooperativismo e Economia Criativa, a ser criado. Conhecido no meio político como Silvinho, o deputado é filho de Silvio Costa, que foi aliado da ex-presidente Dilma Rousseff inclusive durante o processo de impeachment, em 2016. Silvinho está em seu segundo mandato como deputado federal. André Fufuca, de 34 anos, assumirá o Ministério do Esporte no lugar de Ana Moser. Ele está em seu terceiro mandato como deputado federal. É próximo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do PP, Ciro Nogueira, oposicionista ferrenho do atual governo. Fufuca chegou a assumir a presidência do PP quando Ciro estava licenciado para ser ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro. Essa proximidade com o bolsonarismo incomodou parte dos deputados lulistas do PP. Em postagem de texto e vídeo divulgadas nas redes sociais, André Fufuca agradeceu pela indicação para o cargo, citando Lula e também Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara e um dos articuladores da entrada de seu grupo no governo. "Quero agradecer ao presidente Arthur Lira e a todos os parlamentares do Progressistas na Câmara dos Deputados. Meu muito obrigado a essa bancada tão forte e tão atuante que trabalha incansavelmente pelo bem do nosso Brasil. Agradeço ao presidente Lula, pela confiança e pelo gesto, que fortalece a democracia e um dos Poderes de nossa República", afirmou ele. Já Silvio Costa Filho enfatizou a importância da Pasta de Portos e Aeroportos que vai assumir e agradeceu "a todo governo" pela oportunidade. "Comunico que tive o privilégio de ser convidado pelo excelentíssimo senhor presidente da República, Lula, para exercer a função de ministro de Estado dos Portos e Aeroportos do Brasil, um ministério extremamente relevante para a economia do nosso país onde, por exemplo, 95% das exportações e importações do Brasil passam pelos nossos portos. Vamos juntos dialogar com os trabalhadores e trabalhadoras, com o setor produtivo nacional, governadores e governadoras de Estado, prefeitos e prefeitas do Brasil para que, de maneira coletiva, possamos avançar na agenda do desenvolvimento econômico e social do país", afirmou ele. A dificuldade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acomodar o Centrão no governo foi tamanha que, no início das conversas, o cotado para assumir o Ministério do Esporte era Silvinho. A nota divulgada nesta quarta, 6, pelo Palácio do Planalto chegou a anunciá-los incorretamente com os cargos invertidos. O PP insistiu o quanto pôde para conseguir o Ministério do Desenvolvimento Social, comandado pelo petista Wellington Dias. Só há cerca de duas semanas Dias conseguiu se firmar no cargo. Ele é amigo de Lula e o principal responsável pelo Piauí ter se tornado o Estado mais petista do Brasil.
Mudança busca ganhar mais votos no CongressoA reforma ministerial é uma medida de Lula para tentar consolidar uma base na Câmara. Os partidos de esquerda conseguiram eleger poucos deputados em 2022, o que obrigou o presidente a procurar alianças fora de seu campo político. No Congresso, já há a expectativa para uma nova reforma ministerial entre o fim de 2022 e o começo de 2023. Nesse caso seria uma repactuação mais ampla com os partidos que apoiam Lula. Também será o momento de remover ministros cujo desempenho foi avaliado como insatisfatório pelo presidente.
Futuros de Ana Moser e Márcio França são ignorados em notaA nota divulgada pelo governo federal não diz o que acontecerá com Ana Moser, mais uma mulher a deixar o cargo no governo, após a ex-titular do Turismo, Daniela Carneiro perder a vaga para Celso Sabino em julho. Ao menos neste primeiro momento não houve nenhum agradecimento público do presidente a Ana Moser. Uma das possibilidades é a de que ela vá para a Autoridade Olímpica, hipótese que desagrada aos aliados da ex-atleta. No caso de França, que irá para o Ministério do Empreendedorismo, Cooperativismo e Economia Criativa, se movimentou para tentar assumir o Ministério de Ciência e Tecnologia no lugar de Luciana Santos, do PCdoB. A ideia, porém, perdeu força nos últimos dias. Em meio às resistências para mudar de Pasta, ele recebeu outras contrapartidas. Conforme apontou a Coluna do Estadão, França ganhou do governo o direito de fazer ao menos duas indicações no governo. Caberá a ele nomear uma diretoria no Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o novo comando da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial). Ele ainda não decidiu quem escolherá para as vagas. De acordo com a nota divulgada pelo Palácio do Planalto, as nomeações e posses serão só quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar da Índia, onde vai para reunião do G20. O petista embarca para o país asiático na quinta-feira, 7 de setembro, depois do desfile do Dia da Independência.
Troca no comando da Caixa fica para depoisA Caixa Econômica Federal ficou para depois na reforma ministerial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em que foram trocados os ministros do Esporte e de Portos e Aeroportos. O adiamento da troca de comando no banco público foi antecipado pelo Broadcast na manhã desta quarta-feira. Apesar das discordâncias entre deputados do PP e entre funcionários da Caixa, a ex-deputada federal Margarete Coelho (PP-PI), atual diretora financeira do Sebrae, continua liderando a disputa para o comando do banco público. Assim como o Ministério do Esporte, entregue a André Fufuca (PP-MA), a Caixa deve ser entregue ao PP. Como mostrou a reportagem mais cedo, nomes como o da ex-vice-presidente do banco Danielle Calazans chegaram a circular como possíveis escolhas, mas têm menor força. "Fecharam com a Margarete mesmo", disse uma fonte a par das discussões, sob anonimato. Coelho é próxima do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que articula a reforma com Lula. O adiamento da mudança na Caixa tem a ver com a disposição de Lula de valorizar a cadeira que entregará ao PP, ainda de acordo com as fontes. Assim como o comando do banco público, também foi adiada a definição sobre o comando da Fundação Nacional da Saúde (Funasa). O órgão será destinado ao Republicanos, mas o PSD também insiste em ocupar o posto. Além da presidência da Caixa, devem ser trocadas também as vice-presidências do banco.