O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), criticou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), pelo anúncio de uma frente para "protagonismo" das regiões Sul e Sudeste. O senador afirmou que o Estado não cultiva a exclusão e citou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que também era mineiro, como exemplo de promoção da união no País. "Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional. Fiquemos com seu exemplo."
A crítica de Pacheco é em relação à entrevista que Zema concedeu ao Estadão, publicada no último sábado, 5. "Ao valoroso povo do Norte e Nordeste, dedico meu apreço e respeito. Somos um só país", escreveu Rodrigo Pacheco nas redes sociais.
As declarações do governador de Minas reverberaram mal entre outros governadores e renderam críticas de outras autoridades, como o ministro da Justiça, Flávio Dino. Ele disse neste domingo, 6, que criar distinções entre brasileiros é proibido na Constituição Federal e que aquele que optar por esse caminho é "traidor da Pátria".
Eduardo Leite (PSDB-RS), governador do Rio Grande do Sul, defendeu Zema. "A união deles (Norte e Nordeste) em torno de pautas de seus interesses serviu de inspiração para que, finalmente, possamos fazer o mesmo, nos unirmos em torno do que é pauta comum e importante aos Estados do Sul e Sudeste", disse. Outros governadores, no entanto, interpretaram a fala do governador mineiro como um incentivo à cisão dos entes federados.
Após a repercussão da entrevista, Zema tentou esclarecer o assunto, afirmando que a frente não vai se posicionar contra outras regiões. "A união do Sul e Sudeste jamais será pra diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços", escreveu no Twitter no domingo.
Protagonismo Sul-Sudeste
Na entrevista concedida ao Estadão, Romeu Zema defendeu que os Estados do Sul e do Sudeste tenham mais protagonismo político, por serem os que têm mais produção.
"Nós queremos é que o Brasil pare de avançar no sentido que avançou nos últimos anos - que é necessário, mas tem um limite - de só julgar que o Sul e o Sudeste são ricos e só eles têm que contribuir sem poder receber nada. (Sobre) A reforma tributária, fizemos outro questionamento. Está sendo criado um fundo para Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, o Sul e o Sudeste não têm pobreza?", afirmou o governador mineiro.
"Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década. Se não você vai cair naquela história do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito", complementou.
Não é a primeira vez que Zema defende o protagonismo dos Estados mais ricos. No começo de junho, na abertura do 8º Encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste, em Belo Horizonte, o governador disse que os Estados do Sul e do Sudeste têm mais pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial. Não há estatísticas oficiais comprovando essa alegação.
"No Sul e Sudeste, temos uma semelhança enorme. Se há Estados que podem contribuir para este País dar certo, eu diria que são estes sete Estados aqui. São Estados onde, diferentemente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial", disse o governador na ocasião.
Depois da referência à quantidade de pessoas que "viveriam" de auxílio emergencial, Zema afirmou que "boa parte da solução do nosso país está nesses Estados (do Sul e do Sudeste)".