O coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Médio Rio Purus, em Lábrea (AM), Antônio Cícero Santana da Silva Apurinã, foi exonerado do cargo pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, em resposta a acusações de assédio moral e sexual feitas à pasta por seus subordinados.
São pelo menos quatro casos envolvendo seu nome denunciados às autoridades. A demissão foi publicada no Diário Oficial em 11 de setembro. Procurado pelo Estadão, Apurinã não foi encontrado até a publicação deste texto; o espaço segue aberto.
É mais um caso de acusação de assédio sexual envolvendo servidores do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No mês passado, o então ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, perdeu o cargo após denúncias de assédio sexual feitas à ONG Me Too Brasil contra ele virem à tona. Entre as vítimas estaria a ministra Igualdade Racial, Anielle Franco. Almeida vem negando as acusações desde então.
Apurinã era alvo de denúncias desde 2023, quando assumiu o cargo. No ano passado, mulheres procuraram um vereador da cidade amazonense de Lábrea, onde fica localizado o distrito sanitário, para relatar os episódios. As acusações chegaram a ser levadas para sessão plenária da Câmara do município em outubro.
As denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF) de Rondônia e do Amazonas e à Polícia Federal (PF) nos dois Estados, além da Polícia Civil amazonense. Elas foram feitas nos dois Estados porque, embora a cidade fique no Amazonas, está mais próxima da capital rondoniense, Porto Velho, do que de Manaus. O distrito atende a uma população de 12.357 indígenas, entre aldeados e urbanos, em 128 aldeias.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que "irá colaborar com as autoridades na investigação sobre as denúncias, para que sejam apuradas como prevê a legislação".