Em mais um capítulo da troca de farpas doméstica entre membros do Partido dos Trabalhadores (PT), a deputada federal e presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann (PR), rebateu declarações dadas pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad. Gleisi criticou as falas de Haddad sobre uma possível sucessão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2030. Ambos falaram em entrevistas ao jornal
O Globo. "Acho extemporânea a discussão sobre a sucessão do presidente Lula. Nós precisamos fazer com que tudo dê certo porque é isso que vai garantir a sucessão, inclusive a reeleição de Lula na próxima eleição", afirmou Gleisi em entrevista. Haddad havia respondido, quando questionado sobre ele próprio ser um possível sucessor, que não pensava em sê-lo e que não havia discussão sobre se Lula seria ou não candidato em 2026: "(a questão) Está pacificada. Não se discute". Embora haja consenso dentro do partido e na base aliada para que Lula concorra ao quarto mandato, segundo Haddad, o problema de um sucessor "vai se colocar" na eleição seguinte, alertando que o partido precisa começar a se preparar para a transição. A presidente do PT também disse que criticar as decisões do ministro da Fazenda é "um dever" e faz parte da tradição do partido. "É um direito do partido e até um dever fazer esses alertas e esse debate, isso não tem nada de oposição ao ministro e nem a ninguém. É da nossa tradição." Haddad havia dito, sem citar nomes, que o partido celebrava as vitórias da economia ao mesmo tempo que o chamava de "austericida". "Olha, é curioso ver os cards que estão sendo divulgados pelos meus críticos sobre a economia, agora por ocasião do Natal. O meu nome não aparece. O que aparece é assim: 'a inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!' E o Haddad é um austericida. Então, ou está tudo errado ou está tudo certo. Tem uma questão que precisa ser resolvida, que não sou eu que preciso resolver." Gleisi disse ter preocupação com a diminuição do papel do Estado no desenvolvimento da economia, com a reforma fiscal e a meta de déficit zero, e que as críticas do partido são preocupações nesse sentido. "A nossa resolução é positiva para o governo, o que nós criticamos foi a política monetária do Banco Central". A parlamentar negou que o PT faça oposição ao ministro e declarou que pretende conversar com ele sobre o assunto econômico. "Não estou em Brasília e não falei com ele. Quando eu voltar, não tem problema nenhum, é conversando que a gente se entende, inclusive falando as coisas."