Em meio ao impacto da prisão do general Walter Braga Netto no inquérito do golpe, investigação que atinge outros oficiais de alta patente das Forças Armadas, o general Guido Amin Naves afirmou nesta terça-feira, 17, que o momento é de "aflição" e causa "preocupação com os caminhos que as coisas vão tomar".
"É preciso muita força de caráter, de ideal, muita coragem moral para tomar muitas decisões que precisam ser tomadas nesse contexto", afirmou a jornalistas após a cerimônia que marca sua despedida do Comando Militar do Sudeste (CMSE), em São Paulo. Com 43 anos de carreira militar, Amin dirigiu o CMSE durante um ano e oito meses. Em seu lugar, assume o general Pedro Celso Coelho Montenegro.
Amin não citou especificamente nomes nem episódios, mas sua mensagem enigmática indica a preocupação nos quartéis com o momento político que o País atravessa em meio às prisões de oficiais de alta patente.
O general disse que o Exército é uma "instituição de Estado" e "preza pela legalidade e pela institucionalidade".
"Entendemos que seja talvez um momento de um processo de maturação da sociedade, que é constante. A História é feita de saltos de maturidade em várias questões, e nós estamos passando por isso agora também, mas não deixa de causar uma certa aflição, muitas vezes pela incompreensão de muitos", acrescentou.
O comandante-geral do Exército, general Tomás Miguel Paiva, presidiu a solenidade de posse do novo chefe do Comando Sudeste.
Em seu discurso, Amin saudou Paiva por conduzir o Exército "em momentos tão incertos como desafiadores, diante de situações difíceis e da incompreensão de tantos".