Delegado próximo de Moraes é indicado para assumir corregedoria-geral da Abin

Autor: Heitor Mazzoco e Fausto Macedo (via Agência Estado),
terça-feira, 23/07/2024

O delegado da Polícia Federal José Fernando Moraes Chuy foi indicado para assumir o posto de corregedor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em substituição a Lidiane Souza dos Santos, que permanecerá no cargo até o dia 31 de agosto. Chuy é próximo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Experiente e respeitado na corporação, Chuy tem passagens por áreas estratégicas. Também atuou na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando Moraes ocupava a presidência da Corte.

Caso assuma o cargo, o delegado poderá ser responsável por apurações que envolvam alvos da Operação Última Milha, que mira o funcionamento da "Abin paralela". A suspeita é de uso indevido da estrutura da agência de inteligência para a disseminação de fake news e para o monitoramento ilegal de autoridades e jornalistas durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Foram vítimas de espionagem, segundo os investigadores, pessoas consideradas adversárias do ex-presidente da República, de sua família e de aliados.

Na época dos fatos investigados, a Abin era comandada pelo delegado Alexandre Ramagem, hoje deputado federal e candidato do PL à prefeitura do Rio nas eleições de outubro. Ramagem é investigado. Ele nega irregularidades durante sua gestão à frente da agência de inteligência.

Preocupação

A União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis) emitiu nota manifestando preocupação com a indicação de um servidor de fora dos quadros da agência. "Consideramos preocupante, injustificada e um desprestígio dos servidores orgânicos da Abin a possível indicação de um corregedor-geral do órgão oriundo de fora dos quadros da agência", diz um trecho da nota.

"Devemos lembrar que a atual investigação sobre o uso indevido do software First Mile pela estrutura que parasitou a Abin foi iniciada pela própria corregedoria interna, então liderada por uma oficial de Inteligência", continua o comunicado da Intelis.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.