BRUNO BOGHOSSIAN
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A cúpula do DEM articula a substituição do presidente do partido, o senador Agripino Maia (RN), depois que ele virou réu no STF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Dirigentes querem indicar para o comando da sigla um nome alinhado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Os favoritos são o ministro Mendonça Filho (Educação), o prefeito de Salvador, ACM Neto, e o próprio Maia.
Diante de um impasse sobre o momento da troca, a convenção nacional do partido, prevista para esta quinta-feira (14), foi adiada para 27 de janeiro. A decisão foi aprovada em reunião da bancada de deputados do partido.
Articulação para substituir Agripino começou há cerca de dois meses, mas o cenário mais provável era sua recondução ao cargo. O movimento para a troca ganhou força na terça (12), quando o STF recebeu denúncia contra o senador no âmbito da Lava Jato.
"Agora é a hora de focar na reforma da Previdência. Estamos todos solidários com o senador Agripino e ele continua presidindo o partido pelo menos até janeiro", afirmou o deputado Jorge Mudalen (DEM-SP).
Por 4 votos a 1, a Primeira Turma do STF aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República que acusa Agripino de atuar para destravar um financiamento do BNDES para a obra da Arena das Dunas, em Natal (RN), em troca de propina da OAS.
Agripino afirmou, em nota, que é inocente. "O prosseguimento das investigações não significa julgamento condenatório. E é justamente a inabalável certeza da minha inocência que me obriga a pedir à corte o máximo de urgência."
Dirigentes do DEM se reuniram em Brasília na manhã desta quarta (13) para discutir a sucessão. Optou-se pelo adiamento da troca no comando do partido para evitar que a substituição fosse vinculada ao processo aberto contra Agripino no Supremo.
A direção do DEM discute realizar, em vez disso, reunião de sua Comissão Executiva nesta quinta para aprovar uma manifestação formal de apoio da sigla à reforma da Previdência. O DEM pretende entregar o apoio de 26 dos 30 deputados na votação da Câmara.