Militantes fazem vigília para proteger prédio de Lula em São Bernardo

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 12/07/2017

GABRIELA SÁ PESSOA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Se fosse na nossa época, isso aqui já estava cheio", comenta Juno Rodrigues Silva, o Gijo.

Amigo de Lula há 48 anos, ele foi ao prédio onde ex-presidente vive em uma cobertura, em São Bernardo do Campo (SP), prestar solidariedade ao ex-companheiro de sindicalismo.

A condenação de Lula foi divulgada por volta das 14h nesta quarta (12). Às 14h30, militantes do ABC ligados à CUT já estavam na calçada do edifício Hill House.

Diferentemente de quando o petista foi alvo de condução coercitiva, em 2016, houve pouca mobilização. Entre oito e dez militantes conversavam sentados na calçada, cantando pagodes, chamando Lula de "papai" e revidando quando um motorista passava xingando pela janela do carro.

"Aê, Lula, se fudeu!", gritou o condutor de um Fiat Uno. "Vai tomar no cu!", respondeu um apoiador.

Mas também não houve muitas as manifestações contrárias.

A ideia, segundo os militantes, é também proteger o prédio de "ovadas e pichações", conta Jeferson Santos, 29, ele mesmo alvo de um ovo no ano passado.

Eles ficarão em vigília esta noite -dizem que, por ora, a rua do ex-presidente em São Bernardo está vazia porque os atos estão dispersados. E esperam que, após os atos no Instituto Lula e na avenida Paulista, recebam reforço da militância quando as manifestações na capital acabarem.

GARRAFA

Gijo, espírita, deixou na portaria do Hill House uma garrafa de água benta envolvida em uma sacola plástica, por recomendação de líderes do centro espírita que frequenta.

"É um remédio para a garganta. Para fortificar ele", conta o ex-metalúrgico é dono de um tradicional restaurante, o Gijo's, na cidade.

Há 15 dias, ele conta que esteve com a família do ex-presidente e trouxe outro presente: uma chuleta, carro-chefe de seu restaurante e um dos pratos favoritos de Lula.

"Trago ela temperada e ele só põe para assar", conta o amigo.

Ele critica a decisão de Moro ("um absurdo") e diz que só percebeu o amigo abalado com a morte de dona Marisa Letícia, no início do ano.

"Na vida política, me parece que ele está até melhor", afirma Gijo -que ainda estava tentando contatar Lula por telefone. Não encontrou ninguém da família no prédio.