ATUALIZADA - Temer 'sufoca' a polícia, diz procurador

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 28/06/2017

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba (PR), acusou nesta quarta-feira (28) o governo Michel Temer (PMDB) de "sufocar" a Polícia Federal.

Ele voltou a afirmar que o contingente da Polícia Federal que atua na Lava Jato foi "significativamente reduzida" e indagou: "A quem isso interessa?"

Em maio, o número de delegados dedicados ao caso em Curitiba caiu de nove para quatro, e também houve redução no número de agentes que atua na operação. À época, a Procuradoria classificou o corte de "incompreensível". Já a direção da PF alegou que os remanejamentos foram feitos de acordo com as demandas da corporação.

Referindo-se à suspensão, na terça (27), da emissão de passaportes pela Polícia Federal em virtude de falta de recursos, Lima indagou: "Imagine como está a continuidade das diversas investigações pelo país", escreveu numa rede social.

O procurador também rebateu as acusações do presidente Michel Temer contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na véspera, em pronunciamento um dia após ter sido denunciado pela PGR por corrupção, Temer acusou Janot de buscar vingança e insinuou que Janot recebeu dinheiro de ex-procurador que hoje atua na defesa da JBS.

Segundo Carlos Fernando, a acusação feita por Temer a Janot "foi de uma indignidade poucas vezes vista."

"Nem coragem de falar com todas as letras Temer teve. É de se envergonhar termos um acusado na Presidência da República que sequer se defende dos fatos", escreveu ele.

A força-tarefa da Lava Jato já manifestou várias vezes preocupação com um possível desmonte da operação. Há vários políticos e autoridades respondendo por acusações como a de obstrução de Justiça por supostamente tentarem barrar as investigações.

O comando da operação também é alvo de críticas frequentes de advogados, juristas e dos próprios réus.

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), criticou recentemente a ideia de magistrados virarem candidatos a cargos no executivo. Segundo ele, se integrantes do Judiciário "administrassem o Saara, faltaria areia". Nesta quarta, Lima rebateu: "Mas com Gilmar Mendes no STF, com certeza há muito tempo o que anda em falta é Justiça".