ATUALIZADA - Desconfie de quem sonha com 'democracia de juiz', diz Gilmar

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 26/06/2017

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes criticou nesta segunda (26) o que chamou de possibilidade de haver uma "república de juízes e promotores" no Brasil. Segundo o ministro, "não há salvação fora da política".

Em palestra em São Paulo, Gilmar disse que o país deve escapar de "aventuras que podem levar a operações tenebrosas", citando a ditadura militar.

Ele relembrou que políticos reconstruíram a democracia e que, agora, são eles que devem aperfeiçoá-la. "Alguém pode imaginar que pode agora ter uma república de promotores ou de juízes, temo que ficarão também decepcionados com o resultado", afirmou.

"Até como gestores nós, juízes e promotores, não somos muito bons", afirmou. Dois juízes célebres pontuaram bem na mais recente pesquisa Datafolha sobre cenários para a eleição presidencial de 2018: Joaquim Barbosa, com 11%, e Sergio Moro, com 14%.

Mais cedo, em outro evento em São Paulo, o também ministro do STF Luís Roberto Barroso saiu em defesa do Ministério Público e da atuação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Barroso e Gilmar têm discordado publicamente sobre o tema.

Barroso disse que a atuação de promotores e procuradores não reflete um Estado de abuso, mas sim de um Estado que começa a se democratizar. "É o Estado democrático de Direito contra uma república de bananas que sempre varreu a sujeira para debaixo do tapete."

Ele afirmou que ninguém deseja um Estado policial, mas sim um Estado legal, com direito à defesa e proporcionalidade na atuação do Estado. "Um Estado que pune não é um Estado policial", disse. "Não estávamos acostumados a um direito penal igualitário. Agora passamos a ver a lei ser aplicada a todos, pobres e ricos."