ATUALIZADA - Governadores ganharam R$ 42 mi em caixa 2, diz Odebrecht

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 17/04/2017

LUCAS VETTORAZZO, NICOLA PAMPLONA E ESTELITA HASS

RIO DE JANEIRO, E CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - Seis governadores citados por delatores da Odebrecht receberam R$ 42,1 milhões em caixa dois em campanhas vitoriosas em 2014, segundo relatos de ex-executivos da empreiteira.

No total, nas últimas duas campanhas, 12 governadores mencionados teriam sido contemplados com R$ 50,7 milhões em contribuições ilegais.

Em alguns casos, o caixa dois chegaria à quase metade dos valores declarados oficialmente à Justiça Eleitoral.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), lidera a lista dos maiores beneficiários, tendo supostamente recebido R$ 20,3 milhões, segundo o diretor de infraestrutura da Odebrecht Benedicto Júnior, o BJ. O valor corresponde a 45% de tudo que ele declarou.

Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Marconi Perillo (PSDB-GO), Beto Richa (PSDB-PR), Raimundo Colombo (PSD-SC) e Marcelo Miranda (PMDB-TO) são acusados de terem recebido recursos não contabilizados em 2014.

Outros três governadores são suspeitos de terem recebido doações irregulares em 2010. Integram a lista Tião Viana (PT-AC), com doações de R$ 1,5 milhão; Robinson Faria (PSD-RN), então candidato a vice, com R$ 350 mil; e Flávio Dino (PCdoB-MA), com R$ 200 mil.

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), também teria solicitado R$ 1 milhão a candidatos apoiados por seu partido no Estado --pagos em caixa dois, segundo os delatores.

Parte das menções aos governadores foi remetida para avaliação do STJ (Superior Tribunal de Justiça) por conta do foro privilegiado que eles possuem.

O caixa dois é a acusação mais frequente. Alguns são também suspeitos de oferecerem contrapartidas em troca do apoio financeiro --o que, para a PGR (Procuradoria-Geral da República), pode configurar crime de corrupção.

Renan Filho (PMDB), governador de Alagoas e filho do senador Renan Calheiros (PMDB), por exemplo, teria recebido R$ 800 mil em doações legais da Odebrecht, mas, em troca, seu pai teria atuado para passar no Senado uma lei que beneficiaria a empresa. Já o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), é acusado de receber R$ 13,5 milhões quando era ministro do Desenvolvimento para defender os interesses da empreiteira.

OUTRO LADO

Os governadores citados negam ter solicitado favores indevidos à empreiteira e questionam a veracidade dos depoimentos. A maioria afirma que as doações recebidas na campanha foram declaradas e aprovadas pela Justiça.

"A versão que está sendo noticiada é absurda, carregada de mentiras, ódio e revanchismo", afirmou o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD).

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), disse que as suspeitas são "delirantes e mentirosas", já que ele não concorreu nas eleições de 2010 e 2012.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) informou, via assessoria, que os delatores "não apontam nenhum ato ilícito do então candidato".

"Seu relato deixa claro que ele não presenciou conversa, pedido ou sugestão para a prática de qualquer delito."

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse, em nota, que nunca recebeu recursos ilícitos e jamais teve conta no exterior.

O governador do Acre, Tião Viana (PT), disse confiar na Justiça. "Tomarei todas as medidas judiciais cabíveis contra os delatores da calúnia e os propagandistas da desonra", disse.