Emilio diz que tratou com Lula de obra de R$ 700 mil em sítio

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 13/04/2017

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O patriarca do Grupo Odebrecht, Emilio Odebrecht, disse que tratou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de uma obra no sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, usado pelo petista.

Em delação premiada, Emilio Odebrecht disse que a obra era considerada uma "surpresa", mas afirmou ter falado do assunto com Lula em 30 de dezembro de 2010, penúltimo dia de seu segundo mandato como presidente.

"Eu estive com ele lá em Brasília e aí eu disse: 'Olhe, chefe, o sr. vai ter uma surpresa e nós vamos garantir o prazo naquele programa lá do sítio'. Ele não fez nenhum comentário, mas não botou nenhuma surpresa", disse Emilio.

Questionado pelos procuradores se a reação do ex-presidente era uma demonstração de que ele sabia da obra, respondeu: "Eu entendi não ser mais surpresa. Já estava sabendo".

O patriarca da Odebrecht declarou que a ex-primeira-dama Marisa Letícia pediu pessoalmente a funcionários da empreiteira, no fim de 2010, que fizessem a obra, que custou cerca de R$ 700 mil, bancados pela própria construtora. Quem tratou do assunto foi o ex-diretor da empresa Alexandrino Alencar.

"Dona Letícia pediu a ele [Alexandrino] que ajudasse, que ela não ia conseguir terminar as obras [...] e queria dar essa surpresa quando o Lula terminasse [o mandato]", declarou Emilio aos procuradores.

Emilio diz que, nas conversas sobre a obra, referia-se ao local como "sítio de Lula". "Se era de uso dele, propriedade dele, usufruto, não tenho a mínima noção", completou.

OUTRO LADO

Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que representa o ex-presidente, afirma que as delações comprovam "a inocência de Lula", e que o petista "não praticou nenhum crime".

"É nítido que a força-tarefa só obteve dos delatores acusações frívolas, pela ausência total de qualquer materialidade. O que há são falas, suposições e ilações –e nenhuma prova. As fantasiosas condutas a ele atribuídas não configuram crime", declarou o defensor.

"Desde 4 de março de 2016, o ex-presidente passou a ser vítima direta de sucessivas ilegalidades e arbitrariedades praticadas no âmbito da Operação Lava Jato para destruir sua trajetória, construída em mais de 40 anos de vida pública. Lula já foi submetido à privação da liberdade sem previsão legal; buscas e apreensões; interceptações telefônicas de suas conversas privadas e divulgação do material obtido; e levantamento dos sigilos bancário e fiscal, dentre outras medidas invasivas", afirmou, em nota.