Sem-terra invadem fazenda usada em suposto esquema em Ribeirão

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 24/02/2017

MARCELO TOLEDO

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Uma fazenda suspeita de elo com o esquema de corrupção descoberto pela operação Sevandija na Prefeitura de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) foi invadida nesta sexta-feira (24) por um grupo de sem-terra.

A propriedade rural, chamada São Luiz do Inhacundá e avaliada pela investigação em R$ 2,185 milhões, fica em Cajuru (a 298 km de São Paulo) e foi invadida pela FNL (Frente Nacional de Luta Campo e Cidade).

Cerca de 50 integrantes do movimento estão no local e aguardam a chegada de pelo menos mais cem nesta sexta-feira.

A investigação suspeita que a fazenda -embora esteja em nome da advogada Maria Zuely Alves Librandi, presa desde 2 de dezembro- pertença a um grupo criminoso que envolve a ex-prefeita Dárcy Vera (PSD) e aliados.

A propriedade rural apresenta maquinários e implementos agrícolas novos e abriga até equipamentos semelhantes aos de academias ao ar livre instaladas pelo poder público em Ribeirão Preto.

Para a operação Sevandija -que significa "parasita"-, a área foi comprada com dinheiro desviado da prefeitura pelo grupo criminoso comandado por Dárcy e seria usada como fonte de renda para pagamentos futuros de propina, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público paulista.

A operação apura fraudes em contratos da prefeitura que somam ao menos R$ 203 milhões.

Dárcy, que não chegou a concluir o mandato, vive reclusa e abandonada por antigos aliados e ainda enfrenta uma comissão na Câmara que pode resultar na perda de direitos políticos por oito anos.

Nesta quinta-feira (23), ela não foi à audiência da CEP (Comissão Especial Processante) nem notificou as testemunhas a que tinha direito. Ela sempre negou envolvimento e alega ser dona apenas da casa em que mora.

A família da advogada Maria Zuely irá à Justiça pedir reintegração de posse do imóvel.