Mulher de Moro diz que chorou ao ver marido homenageado em protestos

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 06/02/2017

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A advogada Rosângela Wolff Moro, mulher do juiz Sergio Moro, disse à revista "Cláudia" que foi às lágrimas ao ver o marido ser homenageado nos protestos contra a corrupção pelo país, e que foi ali que "a ficha caiu".

"Pensei: 'Nossa, tenho em casa uma das engrenagens que está mudando o país'", disse. "A população quer ver o Brasil se livrar da crise e voltar a crescer. Eu também. Quando a multidão gritou: 'Moooooooro!', postei: '#Emocionada'", afirmou.

A revista feminina fez um ensaio fotográfico com a advogada de 42 anos -agora, defensora de Moro na reclamação que o ex-presidente Lula moveu contra ele.

Ao longo da entrevista, ela rebateu a crítica de que o magistrado, à frente da Operação Lava Jato, seja um "juiz-estrela".

"Alguns o personificam como herói. Em casa não tem isso", disse. "Ele está apenas cumprindo seu trabalho [...] e incentivou outros magistrados a mostrar que o Judiciário pode ser forte."

Dizendo-se "desconfortável" de início com a exposição da família depois da investigação, ela afirmou que, com o tempo, entendeu que a operação era "muito maior que ela" e que não conseguiria se dissociar do tema. Para ela, ninguém é obrigado a concordar com a operação e "críticas ajudam a crescer".

Mas reclamou de determinados comentários -como os que criticam as postagens que ela faz numa página do Facebook, "Eu MORO com ele", em homenagem ao marido.

"Qualquer coisa que diga respeito a ele passou a chamar a atenção", afirmou. "Quando vamos a uma festa, é para chamar a atenção? Para sair na coluna social? Devemos então nos privar de fazer o que pretendemos? Deixaremos de ir a algum evento porque a mídia irá divulgar? Aí, sim, a Lava Jato passaria a entrar na minha família".

A advogada disse gastar uma hora com a página por dia, parte do tempo apagando comentários com "ofensas que passam do limite", com a ajuda de uma amiga.

A foto do juiz aos risos com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), citado em delações da Lava Jato, foi "divulgada de uma maneira infeliz", segundo ela.

A algumas perguntas, como sobre a atuação da ministra Cármen Lúcia no STF (Supremo Tribunal Federal), planos de um sabático de Moro fora do país ou ameaças de morte à família, a advogada respondia com "Eu passo".

Ela voltou a negar planos do juiz numa eventual carreira política: "Chance zero. Nasceu para ser juiz".

Defendeu o aborto até o terceiro mês e direitos iguais para homens e mulheres, mas disse não gostar de "radicalismo".

"Não concordo com cotas [para mulheres no ministério, por exemplo]. Acredito mais na capacidade técnica para a tarefa", afirmou.