Odebrecht vai revelar contas no exterior e doações eleitorais desde 2000

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 20/01/2017

ESTELITA HASS CARAZZAI

CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - O acordo de leniência entre a empreiteira Odebrecht e a Operação Lava Jato, firmado em dezembro e que veio a público nesta sexta (20), determina que a empresa identifique todas as suas contas no exterior e todas as doações eleitorais feitas pelo grupo nos últimos 16 anos.

Foram oito eleições no período, quatro delas presidenciais, desde 2000. Ao longo desses anos, a Odebrecht virou uma das principais financiadoras de campanha do país.

A empresa deve entregar ao Ministério Público Federal uma lista consolidada das doações, indicando o valor, a data, o beneficiário e quem autorizou o pagamento.

O acordo ainda prevê que a empreiteira faça uma lista de todos os beneficiários de propina que atualmente tenham foro privilegiado.

Ambas as listas devem ser entregues em 60 dias a partir da assinatura -ou seja, até o início de fevereiro deste ano.

A empreiteira ainda precisará identificar todas as empresas e contas no exterior que tenham sido usadas para fins ilícitos, fornecer o saldo, o extrato e os documentos -e abrir mão de todos os valores, fora o pagamento da multa de R$ 3,8 bilhões.

Somando o acordo com a Braskem, o grupo deve pagar, no total, R$ 6,7 bilhões em multa.

'HONESTIDADE E LEALDADE'

O termo do acordo de leniência foi anexado nesta sexta (20) à ação de improbidade administrativa a que a Odebrecht responde na Justiça Federal do Paraná.

O acordo ainda precisa ser homologado pelo juiz Sergio Moro.

Em outros trechos do documento, ainda fica estabelecido que a Odebrecht deve "portar-se com honestidade, lealdade e boa-fé", conduzir investigações internas para desbaratar ilícitos e implantar um programa de integridade em 90 dias após a homologação do acordo.

O Ministério Público Federal, por sua vez, se compromete a "realizar gestões" com outras autoridades públicas que queiram celebrar acordos com a Odebrecht, além de emitir certidões atestando "a extensão da cooperação da colaboradora, incluindo o grau de relevância dos fatos revelados".

O acordo de leniência foi firmado concomitantemente com autoridades dos Estados Unidos, Suíça e Brasil.

Em nota, o Ministério Público Federal no Paraná informou que este tipo de acordo permite às empresas retomarem a capacidade de investimento e preservarem empregos, além de contribuir para "uma nova cultura de negócios no setor de infraestrutura".