Doria assume prefeitura e promete governar SP com atitude e humildade

Autor: Da Redação,
domingo, 01/01/2017

EDUARDO GERAQUE E GIBA BERGAMIM JR.

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em discurso minutos após ter sido empossado prefeito de São Paulo na tarde deste domingo (1º), João Doria prometeu "atitude" e "humildade" e que governará para todos os paulistanos, mesmo aqueles que não o escolheram nas urnas. "[Governarei] com o mesmo respeito e o mesmo sentimento."

"[Teremos] respeito ao povo de São Paulo que nos elegeu, às vereadoras, aos vereadores, ao vice-prefeito e aos que também não nos elegeram, o mesmo respeito, o mesmo sentimento. Vamos governar para todos em São Paulo", disse o novo prefeito de São Paulo.

Na Câmara Municipal, Doria falou de improviso ao longo de nove minutos. Pregou respeito a vários segmentos da cidade. Falou em "ética na gestão pública", prometeu "transparência", "eficiência" e "inovação" e disse que sua administração estará sempre "aberta ao diálogo".

Assim como na campanha eleitoral, repetiu que não é um político. "Sou gestor. Farei gestão à frente da cidade de São Paulo. No executivo serei um administrador da cidade."

Doria ainda disse que, em seu mandato, irá zelar pela relação do Executivo com o Legislativo e o Judiciário. E prometeu despachar todos os meses com os vereadores. Doria também fez uma provocação aos vereadores. "E tenho certeza também que o Legislativo dará demonstrações claras de respeito à transparência e à ética."

Ao iniciar a fala, Doria elogiou o vereador Eduardo Suplicy (PT), 75, a quem chamou de "amigo". O petista foi o vereador mais bem votado em São Paulo. Saudou ainda a presença do vice, Bruno Covas, também do PSDB, e de seus familiares.

Doria, 62º prefeito da maior cidade do país, falou em cerimônia na Câmara Municipal, onde 55 vereadores também foram empossados para o mandato até dezembro de 2020. Após o discurso, o tucano seguiu para o Theatro Municipal, também no centro da cidade, em evento de transmissão de cargo no qual receberá o bastão de Fernando Haddad (PT) e em que mais uma vez discursará.

Dos 55 vereadores, ao menos 38 deles devem integrar a base de apoio da gestão tucana. A oposição, ao menos neste início de mandato, será quase simbólica, com 11 nomes, sendo 9 do PT e 2 do PSOL.

Empresário de 59 anos, o tucano foi eleito em primeiro turno com 3,1 milhões de votos (53% dos válidos) e assumiu o cargo com ao menos 118 promessas a serem cumpridas até o final do mandato de quatro anos –a Folha criou uma ferramenta on-line para que o eleitor paulistano possa acompanhar cada um desses compromissos.

Chamada Doria

A partir deste domingo, Doria terá o duplo desafio de colocar em prática o gestor propagandeado nas eleições e transformar a capital em vitrine para seu principal cabo eleitoral, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à disputa presidencial de 2018.

Na campanha, Doria fez promessas ousadas. Por exemplo: acabar, em um ano, com as filas por vagas nas creches (são 133 mil crianças de zero a três anos à espera de matrícula) e por exames de saúde (são 417 mil no aguardo).

Há também compromissos polêmicos. Um deles, já com data para começar, será o aumento das velocidades máximas das marginais Tietê e Pinheiros (para 90 km/h, 70 km/h e 60 km/h nas pistas expressa, central e local) a partir de 25 de janeiro, data de aniversário de 463 anos da cidade. Os limites dessas vias foram rebaixados por Haddad em julho de 2015, com o objetivo de reduzir acidentes e melhorar a fluidez. Desde então, os acidentes com mortes caíram pela metade, e a Marginal Tietê completou 19 meses sem nenhum atropelamento.

De imediato, o foco do prefeito será com a zeladoria da cidade, alvo de críticas à gestão Haddad, em especial pela quantidade de lixo nas ruas, barracos de moradores de rua aos montes e mato alto em praças e canteiros de ruas e avenidas.

A gestão tucana terá 22 secretarias –sob Haddad, a prefeitura tinha 27 pastas. Entretanto, terá um gasto extra em 2017 criado por ele mesmo um dia após a eleição, quando anunciou o congelamento da tarifa de ônibus em R$ 3,80 ao longo de 2017. O valor repassado pela prefeitura às viações de ônibus para cobrir a diferença entre o que os passageiros pagam e os custos reais dos serviços deve passar dos R$ 3 bilhões neste ano, ante ao menos R$ 2,5 bi de 2016.