Maia diz que não recebeu ameaças de Cunha e que prisão é 'notícia triste'

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 20/10/2016

MARINA DIAS E DANIEL CARVALHO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Um dos potenciais alvos de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira (20) que não recebeu "nenhum recado" com ameaças de seu antecessor e que sempre teve "uma relação política" com o peemedebista.

"Não recebi nenhum recado [com ameaças de Cunha]. Não tenho nenhum problema. Minha relação com o deputado Eduardo Cunha foi sempre política. Entendo a situação que ele vive", declarou.

Cunha foi preso pela Operação Lava Jato nesta quarta (19) sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Antes de ser detido, porém, expôs para aliados alguns de seus alvos e disse que "começaria" por Rodrigo Maia e pelo secretário-executivo do Programa de Parcerias do Investimento, Moreira Franco, amigo do presidente Michel Temer e sogro de Maia.

A possibilidade de Cunha tentar negociar uma delação premiada para diminuir sua pena e de sua mulher e filha, também investigadas na Lava Jato, ganhou força, apesar de não haver certeza da boa vontade da Justiça para aceitar a colaboração.

Maia disse ainda que a prisão de um ex-deputado e ex-presidente da Casa é uma "noticia triste" e que entende o "momento de dificuldade" pelo qual Cunha está passando.

"A prisão nunca é um momento feliz para ninguém. É um momento de dificuldade", declarou o presidente da Câmara.

Apesar dos reflexos que a prisão do deputado cassado causou no Congresso e no Planalto, paralisando votações nesta quarta e levantando o temor de uma possível delação premiada que envolveria centenas de políticos, Maia acredita que a situação vai se normalizar.

"[A prisão de Cunha] Não atrapalha as votações pelo que estou ouvindo os deputados", disse.

O discurso segue ordem do presidente Michel Temer, que quer dar ar de "normalidade" e "trabalho duro" para seu governo mesmo em meio à turbulência que a prisão de seu ex-aliado causou no mundo político.

Questionado sobre a possibilidade de uma delação de Cunha atingir Temer, Maia afirmou que não há essa possibilidade.