Prisão de Cunha provoca paralisação em votações e reuniões na Câmara

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 19/10/2016

RANIER BRAGON

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Apesar de as quartas-feiras serem os dias de maior movimentação e trabalho na Câmara dos Deputados, as votações e sessões sofreram uma paralisação nesta tarde (19) após o anúncio da prisão do ex-deputado e ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A notícia chegou no momento em que o plenário tentava votar a conclusão do projeto que altera as regras de exploração do pré-sal.

Houve um silêncio nos microfones, em um primeiro momento, mas a sessão logo foi tomada por manifestações de adversários de Cunha. Em silêncio, a base governista e aliados não deram quorum suficiente, apesar de a mudança do pré-sal ser uma das prioridades de Michel Temer (PMDB).

O "cafezinho" anexo ao plenário, por outro lado, estava lotado de deputados assistindo às notícias dos desdobramentos da prisão.

A sessão foi logo encerrada por falta da presença mínima dos deputados.

Reuniões de comissões também foram adiadas para a semana que vem, incluindo a que instalaria o colegiado que discutirá a reforma política.

Pela manhã, líderes de bancadas governistas haviam acertado a instalação da comissão para esta quarta em reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), interinamente na presidência da República.

Outra sessão cancelada por falta de deputados foi a que votaria, no Conselho de Ética, a continuidade ou não dos processos de cassação contra Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Jean Wyllys (PSOL-RJ).

Resultado: às 16h30 de uma quarta-feira, horário em que a Câmara deveria estar no auge ou iniciando o auge dos seus trabalhos, o clima era de esvaimento e dispersão.

Cunha foi um dos parlamentares mais influentes dos últimos anos e uma possível delação premiada sua é tratada nos bastidores como um dos maiores temores do mundo político em Brasília. Em sua gestão, ele contava com o apoio da grande maioria dos deputados.

Desde que foi cassado com 450 votos de seus 512 colegas, em setembro, ele tem insinuado que contará o que sabe e que implicará integrantes do Congresso e do governo federal.