Em São Paulo, quatro em dez eleitores aptos não participaram da escolha do prefeito

Autor: Da Redação,
domingo, 02/10/2016

MARCELO SOARES

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com 83% das urnas apuradas na capital paulista, o afastamento entre os eleitores e as urnas chegou ao recorde histórico desde 2000.

Ao todo, quase quatro em cada dez pessoas registradas para votar na maior cidade do Brasil não participaram da escolha do prefeito: ou não compareceu às urnas ou, tendo ido, não escolheu nenhum candidato.

Mais de um a cada cinco eleitores paulistanos (21,8%) deixou de ir às urnas neste domingo. Dos que compareceram, quase um a cada seis (16,7%) não votou em ninguém para prefeito. Ao todo, 38,5% dos eleitores aptos não opinaram.

Pode-se apenas especular sobre os motivos que desmotivaram os eleitores que voluntariamente não votaram.

Desde junho de 2013, houve um aumento da cobrança -e da desconfiança- da população em relação a seus representantes. Uma série de escândalos de corrupção, que levou ao impeachment de Dilma e a desconfianças em relação ao governo Temer, aumentou o atrito entre representantes e representados. São Paulo foi o ponto focal desses protestos.

O pouco tempo de campanha eleitoral no rádio e na TV pode ter influído nas escolhas. Em eleições anteriores, havia um mês a mais de campanha e o horário eleitoral gratuito tinha o triplo do tempo todo dia.

Nisso, as preferências variaram fortemente ao longo das semanas. Cada nova pesquisa trazia uma reviravolta nas intenções. Até há uma semana, o prefeito Fernando Haddad (PT) ficava atrás de três candidatos. A última rodada de pesquisas apontou que ele tinha chance de ficar em segundo lugar.

Os dois índices têm senões que vale a pena considerar.

Nas abstenções, as falhas no cadastro eleitoral incluem mortos e eleitores que mudaram de cidade que ainda não tenham se recadastrado. Impossível saber que proporção do eleitorado essas duas categorias representam, para então estimar quantos deliberadamente não votaram.

Nos votos nulos, o fator que influi é o desconhecimento do número do candidato. As colunas de notas políticas deste final de semana traziam relatos de candidatos insistindo no seu número na reta final de campanha.

Em 2012, brancos, nulos e abstenções somavam menos de um terço do eleitorado total (31,3%). Em 2000, 2004 e 2008, os índices somados não chegaram a um quarto (24%, 21,6% e 23,5%, respectivamente).