Moro ficou preocupado com exposição de Lula e da família dele, diz delegado

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 04/03/2016

JULIANA COISSI E GRACILIANO ROCHA, ENVIADO ESPECIAL
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - O delegado Igor Romário de Paula, que coordena a investigação da Operação Lava Jato na Polícia Federal em Curitiba (PR), afirmou que o juiz Sergio Moro se manifestou preocupado com a exposição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da família dele nesta sexta-feira (4).
Segundo De Paula, a preocupação do magistrado se dá tanto pela questão pessoal como pelo possível uso político do fato de o petista ter prestado depoimento à PF durante a 24ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta sexta.
Como é de praxe em todas as operações, o delegado foi à Justiça Federal pela tarde para expor um resumo do andamento dos mandados de busca e apreensão do dia ao magistrado. "Ele estava preocupado com a exposição do presidente e da família. Por ele e pela exposição de isso ser usado depois politicamente", disse delegado da PF.
Ele afirmou, porém, que, em nenhum momento enquanto esteve com agentes da PF, a imagem de Lula foi explorada. "Enquanto estava com a gente, não apareceu. [Lula] Apareceu quando quis aparecer", afirmou, referindo-se ao discurso do petista no Instituto Lula após prestar depoimento.
De Paula disse não ter assistido à fala do ex-presidente e que não poderia comentar as críticas feitas à Lava Jato por Lula. Procurados, o juiz Moro e o Ministério Público Federal informaram que não vão se manifestar.
APREENSÕES
O delegado da PF negou que investigadores tenham encontrado indícios de que o Instituto Lula passou por uma limpa antes da ação da Lava Jato. Segundo ele, foram achados no local computadores e documentos, e os agentes puderam fazer o trabalho de coleta dos materiais. De Paula não soube detalhar o que foi coletado.
O que estava completamente vazia era a sede da Gamecorp, de propriedade de Fábio Luis, um dos filhos de Lula. Segundo o delegado, a aparência é que já há muito tempo nada funcionava no imóvel.
No apartamento do ex-presidente, a PF concluiu a busca e apreensão por volta da 11h. Até as 18h30, policiais ainda recolhiam documentos nas sedes da Odebrecht, em São Paulo, e OAS, em Salvador. A maior demora, segundo a polícia, não era de coletar documentos físicos, mas de capturar documentos salvos em banco de dados na internet.