Governo diz que operação contra Lula tenta acuar a presidente Dilma

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 04/03/2016

VALDO CRUZ
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A avaliação do governo Dilma é que o Ministério Público e a Polícia Federal decidiram reagir e mandar recados ao Palácio do Planalto depois da troca de comando no Ministério da Justiça e desencadearam as operações dos últimos dias, principalmente a desta sexta-feira (4) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Não há coincidências neste mundo, tudo faz parte de uma reação depois que a presidente Dilma tirou o ministro José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça", disse reservadamente um assessor presidencial, que logo cedo já estava se dirigindo para o Palácio do Planalto para reunião com a presidente.
Para o Palácio do Planalto, tanto o vazamento da delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) como a operação desta sexta tendo como alvo Lula fazem parte de uma mesma estratégia de "acuar" o governo e mandar recados de que nada irá parar a Operação Lava Jato.
Um assessor lembrou que o vazamento da delação de Delcídio ocorreu no dia em que estava marcada a posse do novo ministro da Justiça, Wellington César Lima e Silva, na quinta-feira (03), que substituiu o petista José Eduardo Cardozo.
O PT e o ex-presidente Lula pressionavam a presidente Dilma a demitir Cardozo, avaliado pelos petistas como um ministro fraco, que não conseguia nem mesmo ter conhecimento antecipado das operações da Polícia Federal.
A saída de Cardozo foi vista, por procuradores e policiais, como um risco de interferência do governo no comando da Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça.
O auxiliar de Dilma acrescentou que, na avaliação do governo, foi tudo calculado: o vazamento, num dia, e, no outro, a operação contra o principal líder do PT.
MANIFESTAÇÕES
Agora, o governo teme que os últimos acontecimentos relacionados à Operação Lava Jato acabem dando ainda mais munição para as manifestações programadas para o dia 13 de março, contra a presidente Dilma, que vão defender de novo seu impeachment.
Além disto, a avaliação é que o governo precisa, urgentemente, encontrar uma forma de sair da defensiva e do clima de paralisia que o atingiu depois do agravamento da crise política nas últimas semanas, principalmente nesta.