Após identificar pagamentos irregulares, Renan diz que horas extras tem de acabar

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 02/03/2016

MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta quarta-feira (2) que servidores envolvidos em um esquema de fraude no pagamento de horas extras da Casa foram afastados e deverão devolver aos cofres do Senado o dinheiro recebido ilegalmente. Segundo Renan, a Casa divulgará quem são os servidores que receberam os pagamentos indevidos.
No domingo, a Folha de S.Paulo mostrou que o Senado abriu, em janeiro, uma investigação para apurar indícios de fraudes no pagamento de horas extras. Segundo o jornal, a suspeita veio após um salto no registro do benefício. Em dezembro, foram necessárias 254 páginas para lançar todos os pagamentos -o dobro dos dois anos anteriores.
Em nota, o Senado informou que identificou o pagamento de R$ 38 mil a cinco servidores entre fevereiro e setembro de 2015 mas afirmou que só poderá divulgar os nomes dos envolvidos ao final da investigação, que corre em sigilo. A Casa informa ainda que parte do valor já foi ressarcido, mas não detalha quanto.
Ao presidir a sessão de votação da Casa, Renan informou aos colegas que a sindicância apurará "a exata participação e responsabilidade de cada um dos envolvidos". Caberá à Diretoria-Geral do Senado providenciar o imediato ressarcimento dos valores pagos indevidamente em horas extras a diretores, coordenadores e diretores adjuntos.
"Sem prejuízo, todos são testemunhas das atividades da Casa. É inadmissível que ardis burocráticos pretendam fraudar essa determinação da Mesa Diretora do Senado. Aqueles que tentarem podem até fazê-lo, mas responderão por seus atos e suas consequências", disse.
Em sua fala, Renan defendeu a extinção das horas extras sob o argumento de que o Senado possui um banco de horas. "Essa coisa de hora extra tem de acabar porque o Senado tem um banco de horas. Então, não tem sentido, absolutamente nenhum sentido, você ampliar o gasto com hora extra no Senado Federal, que nós sabemos que os salários são altos [...] Isso é uma coisa que nós não vamos admitir", disse.
Renan pediu ainda que a própria Diretoria-Geral estabeleça limites e tetos de pagamentos das horas adotados em 2014. De acordo com a Folha, a cúpula do Senado já decidiu fazer mudanças no setor. Na última quinta (27), James Raymundo assumiu a direção de Recursos Humanos no lugar de Rodrigo Brum.
O peemedebista rememorou ainda a diminuição de gastos com o benefício nos últimos anos. Segundo ele, em 2010 a Casa pagou R$ 69,7 milhões para o benefício. Em 2013, ano em que ele assumiu a presidência do Senado, o gasto caiu para R$ 9,2 milhões. Em 2014, a redução foi para R$ 4,7 milhões. O senador não citou dados de 2015.