Sergio Moro adia para esta quinta decisão sobre prisão de João Santana

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 02/03/2016

JULIANA COISSI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - O juiz Sergio Moro, que conduz em primeira instância os processos da Operação Lava Jato, em Curitiba, decidiu deixar para esta quinta-feira (3) a decisão sobre a soltura do marqueteiro do PT João Santana e de sua mulher, Mônica Moura.
Eles foram presos no dia 22, durante a 23ª fase da Lava Jato, batizada de Acarajé, que investiga repasse ilegal a contas do casal no exterior pela construtora Odebrecht e pelo lobista Zwi Skornicki, em um total de US$ 7,5 milhões.
Moro já havia prorrogado a prisão temporária do casal no dia 26. Na sentença, publicada nesta quarta-feira (2), o juiz argumenta que prefere aguardar parecer da Polícia Federal e do Ministério Público Federal "acerca da evolução do exame das provas apreendidas e quanto à necessidade ou não do prosseguimento da prisão cautelar".
Nesta quarta, o juiz decidiu soltar Maria Lúcia Guimarães Tavares, também presa na operação. Ela tem vínculo empregatício com a Odebrecht e em seu poder foi encontrada uma planilha com menções a acarajé -que, pela leitura dos investigadores, referia-se ao pagamento de propina.
À polícia ela negou a acusação e disse que as anotações sobre "acarajé" se referiam literalmente a porções da comida baiana enviadas de Salvador para o Rio.
Na sentença, Moro afirmou que, apesar da gravidade dos fatos em apuração, Maria Lúcia "teria uma função subordinada no suposto esquema criminoso, sendo talvez desproporcional, neste momento", mantê-la presa.
Ela não poderá deixar o país nem mudar de endereço sem autorização judicial e deve estar disponível para os investigadores.
DEZ MOTIVOS
Mais cedo, o advogado do casal de marqueteiros, Fábio Tofic Simantob, havia encaminhado um documento ao juiz no qual listava dez motivos para a revogação da prisão do casal.
Ele voltou a dizer que o único delito que pode, em tese, lhes ser imputado é o de não declararem conta no exterior. A petição dizia também que, se apontasse lavagem de dinheiro por campanhas eleitorais no Brasil, seria necessário provar que o casal sabia da origem espúria do recurso.
A defesa ponderou que os publicitários estão longe de qualquer campanha brasileira, atuando no exterior, e que compareceram espontaneamente assim que souberam da ordem de prisão.
Afirmou ainda que Santana e Mônica "admitiram seus erros, e ainda abriram mão de todo e qualquer sigilo bancário ou financeiro", e que, assim que forem colocados em liberdade, vão apresentar extratos da conta bancária na Suíça e de outros documentos solicitados.
O texto reafirmou declarações de que Santana e Mônica nunca foram funcionários públicos nem mantêm ou já mantiveram contratos com o poder público, e que não são nem nunca foram operadores de propina ou lobistas.
"Ora, Excelência", encerrou a defesa, "não se pode exigir que presos, e sem garantia de que serão soltos, continuem colaborando com as investigações mais do que já vêm fazendo".