“Lula tem limite de conivência maior do que Dilma”, diz Cid Gomes

Autor: Da Redação,
sábado, 27/02/2016

FLÁVIA FOREQUE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - “Tenho saudade. Foram momentos muito intensos e felizes na minha vida”, declarou o ex-ministro Cid Gomes na quarta-feira (24), em solenidade que inaugurou sua foto na galeria de ex-titulares da Educação.
O evento acontece pouco menos de um ano após a conturbada saída do político de uma das principais pastas da Esplanada, motivada por declaração de que a Câmara dos Deputados é formada por ampla maioria de achacadores.
Desde então, ele afirma, a situação “só tem piorado”. “Nunca quis fazer proselitismo do que declarei, mas infelizmente para o Brasil é uma verdade, cada vez mais visível. E no fundo as pessoas sabem disso.”
Se sobram críticas ao Legislativo, no Executivo a avaliação é diferente. “Até que me provem o contrário, muito bem provado, a [presidente] Dilma é uma pessoa séria, íntegra, de espírito público e boa vontade”, afirma. Gomes, entretanto, faz ressalvas em relação ao ex-presidente Lula.
“Acho que na política o Lula tem um limite de conivência, de complacência, que é muito maior do que o da Dilma. (...) Acho que a história haverá de destinar ao Lula o lugar que lhe é merecido: nem o Deus do momento pós-eleição Dilma, nem o diabo agora”, avalia.
O ex-ministro elogia a gestão do petista e afirma que Lula foi “o maior presidente da República nos últimos 30 anos”. Mas pondera: “A política brasileira o obrigou a fazer uma série de concessões.”
‘MAL E PORCAMENTE’
Cid Gomes voltou a fazer críticas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que articulou para a convocação do então ministro para uma sessão na Casa. Para o ex-ministro, Cunha é um “zumbi” que, ao se manter no comando da Câmara, demonstra que o parlamento “é o fundo do poço”.
“Ele está lá mal e porcamente exercendo a presidência”, criticou. O ex-ministro diz não ter esperança de que a atual composição da Casa tire Cunha do cargo, sob o temor de que o mesmo aconteça com os demais. Gomes ainda criticou a atuação do chamado baixo clero, nomeação dada a congressistas de menor expressão.
“Antigamente o tal baixo clero tinha vergonha. Agora são despudorados. Se você ouvir a conversa média dos parlamentares, são impublicáveis. No sentido de falta de espírito público, de egoísmo, de estar em primeiro lugar seu interesse particular.”