Deputada chavista e opositor pedem apuração sobre Santana na Venezuela

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 26/02/2016

SAMY ADGHIRNI
CARACAS, VENEZUELA (FOLHAPRESS) - Uma proeminente deputada chavista disse nesta sexta-feira (26) que a revelação da existência de um caixa dois para pagamentos do marqueteiro João Santana na Venezuela deve ser investigada de forma isenta e sem politização.
"É dever das instituições correspondentes, de qualquer país, efetuar operações contra a corrupção. E para o fortalecimento da democracia é muito importante que estas operações se atenham ao direito", disse à reportagem Ilenia Medina, líder do partido Patria Para Todos, da minoritária bancada governista na Assembleia Nacional unicameral.
"Seria lamentável que esse esforço seja politizado com a intenção de manchar a imagens de grandes líderes latino-americanos de esquerda", afirmou, numa referência aos ex-presidentes Hugo Chávez (1999-2013) e Lula (2003-2010).
A oposição afirmou que pedirá apoio das autoridades brasileiras para investigar e punir os responsáveis.
"Não é surpresa que grande parte dos contratos com empresas internacionais eram para financiar política interna. Mas não havíamos visto nada tão detalhado, e isso é uma boa premissa para entender o que aconteceu na Venezuela durante tanto tempo", afirmou o deputado Freddy Guevara, presidente da Comissão de Controladoria da Assembleia Nacional.
Ex-vice-presidente do CNE, máxima instância eleitoral na Venezuela, o hoje opositor Eduardo Semtei defende uma reforma constitucional para enquadrar o financiamento de campanhas.
Segundo Semtei, haveria maior transparência se houvesse financiamento público dos partidos ou se empresas privadas que desejarem contribuir com campanhas tiverem de declarar doações ao fisco, a exemplo da praxe nos EUA e países europeus.
"O governo quer manter o manuseio de fundos públicos na escuridão. Mas, cedo ou tarde todo esse complô financeiro da Alba [Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América, entidade que não inclui o Brasil] virá à tona e chegará o dia em que descobriremos as tantas coisas ocultas que foram feitas", afirma Semtei.