Wagner diz que governo 'partiu para o menos ruim' em projeto do pré-sal

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 26/02/2016

BRUNO VILLAS BOAS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Após participar da reunião do Diretório Nacional do PT na tarde desta sexta (26), no Rio, o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) disse que a posição do governo e da presidente Dilma Rousseff nunca mudou sobre as regras do pré-sal.
Na quarta (24), o Senado aprovou um projeto de lei do senador José Serra (PSDB-SP) que reduz o peso da Petrobras na exploração do pré-sal, tirando a obrigatoriedade de que a estatal fosse a operadora única dos novos campos petrolíferos.
Segundo o ministro, o governo tentou derrubar a urgência da votação do projeto, mas perdeu por dois votos. E, por isso, precisou adotar uma "estratégia de votação".
"Na medida em que perdemos na urgência e a votação ia acontecer, vamos dizer assim, partimos para o menos ruim", disse Wagner. "Tudo que eu não queria era o [projeto] do Serra, que é o libera geral."
O governo pretende agora manter as regras atuais do pré-sal em votação na Câmara dos Deputados, disse o ministro. "Na Câmara, vamos trabalhar para manter a obrigatoriedade [da participação da Petrobras]."
Para Wagner, há "gente se apavorando fora de hora" com a aprovação do projeto de lei, uma vez que o governo decide quais blocos devem ser leiloados no país.
Mas a aprovação do projeto aumentou o distanciamento político entre a presidente e o PT, que defende que a Petrobras seja a operadora única do pré-sal.
Perguntado sobre as críticas do partido, o ministro disse ver com "total naturalidade" e afirmou que a "riqueza do PT é a sua diversidade". "Somos governo, mas nenhum governo cala a boca do PT", afirmou.
Sobre a possível ausência de Dilma nas comemorações do aniversário 36 anos do partido, neste sábado (27), no Rio, o ministro disse que a equipe da presidente responsável pelos preparativos de viagem está no Rio e que uma eventual ausência nada teria a ver com divergência internas.
Dilma está em visita ao Chile com a presidente Michelle Bachelet. Para o ministro da Casa Civil, Bachelet seria uma "super amiga" e Dilma está "tendo que cultivar os verdadeiros amigos, pelos ataques que estamos sofrendo", disse ele.
"Seguramente, se ela entender que será impossível chegar, ela vai mandar uma nota. Ela nunca faltou a nenhuma reunião, por que faltaria a esta?", questionou o ministro.
JOÃO SANTANA
Wagner afirmou que, até que houvesse provas, não comentaria a reportagem da revista "Época" sobre os pagamentos da Odebrecht para o publicitário João Santana no Brasil em 2014, durante o período da campanha eleitoral, em que Santana trabalhou para Dilma.
"A Mônica [Moura, mulher do publicitário] e o João já disseram que não receberam no exterior nada da campanha aqui. Até porque o que ele recebeu na campanha aqui, que foi mais de R$ 70 milhões, é suficiente para pagar o trabalho dele", disse Wagner.