Para dirigentes do PT, fase da Lava Jato tenta atingir imagem de Dilma

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 22/02/2016

GUSTAVO URIBE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O mandado de prisão temporária do marqueteiro João Santana, expedido nesta segunda-feira (22) na 23ª fase da Operação Lava Jato, causou apreensão e preocupação na cúpula nacional do PT.
Para dirigentes do partido, a iniciativa é uma tentativa de criminalizar a campanha presidencial de 2014 e, assim, atingir a imagem da presidente Dilma Rousseff, que enfrenta a abertura de um processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
A avaliação interna é de que, embora as suspeitas contra o marqueteiro não envolvam diretamente a petista, a sua proximidade com a presidente empurra novamente o Palácio do Planalto para o centro das investigações da Polícia Federal.
Com governo federal mais uma vez na mira da Operação Lava Jato, o receio é de que ganhem força as ações eleitorais ingressadas pelos partidos de oposição para cassação da chapa presidencial no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Em defesa da petista, o partido pregará que as doações feitas à campanha presidencial foram legais e repetirá discurso adotado diante das suspeitas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: de que a sigla é alvo novamente de uma perseguição política.
O comando da legenda não pretende divulgar nota oficial em defesa do marqueteiro, uma vez que os aportes financeiros feitos pela Odebrecht ocorreram antes do início da campanha presidencial e, portanto, avaliam que não têm relação com os serviços prestados ao partido.
A sigla, contudo, pretende fazer um desagravo tanto a Dilma como a Lula na festa de aniversário do partido, que será realizada no próximo sábado (27) no Rio de Janeiro, que deve ter as presenças dos dois petistas.
A 23ª fase da Operação Lava Jato, iniciada na manhã desta segunda, intitulada "Acarajé", tem como alvo o publicitário João Santana, que encabeçou campanhas presidenciais petistas, e a empreiteira Odebrecht.
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal encontraram transferências de US$ 7,5 milhões (R$ 30 milhões, em valores desta segunda) de investigados da Lava Jato para a conta da offshore Shellbill Finance S.A., controlada pelo marqueteiro João Santana e pela mulher e sócia dele, Mônica Moura.
A offshore, baseada no Panamá, não foi declarada às autoridades brasileiras. Deste montante, US$ 3 milhões foram pagos ao marqueteiro por meio das contas das offshores Klienfeld e Innovation Services, que são atribuídas pelos investigadores à Odebrecht, entre 13 de abril de 2012 e 08 de março de 2013.
Para a Procuradoria, "pesam indicativos de que consiste em propina oriunda da Petrobras transferida aos publicitários em benefício do PT".