Diretor da Eletrobras diz que foi citado por delator por vingança

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 04/02/2016

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em depoimento à Polícia Federal, o diretor de Geração da Eletrobras, Valter Cardeal, admitiu ter participado de duas reuniões na casa de José Antunes Sobrinho, da Engevix, um dos empreiteiros que foi preso na Operação Lava Jato, e afirmou que foi envolvido no escândalo de corrupção por vingança do dono da UTC, Ricardo Pessoa.
Segundo Cardeal, que está licenciado do cargo, o assunto tratado foi a construção da usina de Belo Monte e Pessoa também esteva presente.
Ele justificou que os encontros foram marcados de emergência e que não tem costume de fazer reuniões em residências particulares.
Cardeal foi envolvido na Lava Jato na delação do dono da UTC. Segundo o empreiteiro, na licitação para as obras da usina nuclear de Angra 3, o diretor passou a pleitear um desconto de 10% no valor da obra, mas as empresas concordaram com 6%.
Por isso, Cardeal teria pedido às empreiteiras que repassassem os 4% na forma de doações eleitorais ao PT. "Pelo que Ricardo Pessoa tem conhecimento, Valter Luis Cardeal é pessoa próxima da senhora presidenta da República, Dilma Rousseff", diz a transcrição da delação de Pessoa.
Cardeal contou que, em 2013, passou a integrar um comitê Executivo para supervisão e Acompanhamento do Empreendimento Angra 3 e que, em reunião do colegiado, houve preocupação com relação ao limite de preço fixado pela Eletronuclear.
Ele disse que "apresentada proposta de 2,9 bilhões acreditou que os preços estavam superiores aos praticados pelo mercado e sugeriu desconto de 20% no valor global do contrato". Foi oferecida uma contraproposta de 3,94%, mas que foi acertado 6% de desconto.
Cardeal negou "ter envolvimento em qualquer e suposto ajuste para desconto de 6% combinado com o pagamento de 4% ao PT".
Ele disse ainda que "credita a versão de Ricardo Pessoa como vingança ou retaliação por pressioná-lo ao desconto".