RANIER BRAGON
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Na reunião em que anunciou o deputado Afonso Florence (BA) como novo líder da bancada na Câmara, o PT atacou nesta quarta-feira (3) o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e exortou sua militância a ampliar a defesa pública do ex-presidente Lula.
O segundo tema chegou a virar motivo de piada na reunião dos deputados, realizada em uma das comissões da Câmara.
O deputado Sibá Machado (AC), líder da bancada até esta quarta, fez um discurso em tom inflamado citando, entre outros pontos, o uso por Aécio Neves (PSDB) de aeronaves oficiais do Estado de Minas Gerais, quando governou o Estado, para viajar mais de cem vezes ao Rio de Janeiro.
"Isso não é causa indignação nenhuma. Aí eles vêm com essa 'pironga' [pequena embarcação] contra o Lula", afirmou, momento em que os petistas caíram na gargalhada. "Sibá, repita por favor que eu me perdi aqui", disse um deles.
A defesa pública e enfática de Lula foi pedida também por Florence e pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão, que compareceu à reunião. Falcão chamou de "canalhas" os que acusam Lula e disse que o ex-presidente será homenageado pelo partido no próximo dia 10, no Rio, durante as comemorações do aniversário da fundação do partido.
"Não é um desagravo porque não considero que Lula esteja agravado por esses canalhas que operam contra ele", disse Falcão, para quem Lula é atacado de forma vil e manipuladora.
Conforme a Folha de S.Paulo mostrou na semana passada, um sítio frequentado por Lula e sua família em Atibaia (interior de São Paulo) teve reforma custeada pela empreiteira Odebrecht segundo relato de pessoas que participaram da obra.
Lula também é alvo de investigação do Ministério Público e da Polícia Federal sob a suspeita de irregularidades no processo de aquisição de um tríplex no Guarujá (SP).
A defesa de Lula nega todas as acusações.
PÁGINAS POLICIAIS
Outro alvo da reunião petista, Eduardo Cunha foi classificado por Rui Falcão como frequentador assíduo das páginas policiais, "mais do que as páginas políticas".
Os petistas voltaram a pedir o afastamento do presidente da Câmara, que é um dos principais alvos das investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras.
No ano passado, Cunha e o PT negociaram acordo para livrar Cunha da cassação. Em troca, o peemedebista não daria curso ao pedido de impeachment contra Dilma Rousseff. A tentativa de acordo fracassou, porém.
Com isso, o novo líder do PT criticou a mais recente manobra patrocinada por aliados de Cunha para postergar o seu processo de cassação na Câmara.
Na terça (2), foi divulgada decisão do vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), que anulou a votação do parecer preliminar do processo, levando o caso praticamente de volta à estaca zero.
"São inadmissíveis esses atos diversionistas para postergar as investigações", disse Florence.