Delator cita secretário paulista como beneficiário em esquema de merenda

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 27/01/2016

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Delator na Operação Alba Branca, o ex-presidente da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) Cássio Izaque Chebabi citou o secretário tucano Duarte Nogueira (Logística e Transportes) como beneficiário do esquema de propina em merenda escolar.
A investigação investiga esquema pelo qual a cooperativa pagava propina em troca de contratos de merenda -o superfaturamento chegava a 30%. Por ser de agricultura familiar, a Coaf pode ser contratada sem licitação. A informação sobre Duarte Nogueira foi publicada na edição desta quarta (27) do jornal "O Estado de S. Paulo" e confirmada pela reportagem.
Investigadores que atuam na apuração creem que o esquema tinha ramificações em órgãos do governo Geraldo Alckmin (PSDB), como as secretarias de Educação e de Agricultura, conforme publicou a Folha de S.Paulo nesta quarta.
Uma das descobertas é que a Coaf fraudou centenas de títulos de DAPs (Declaração de Aptidão ao Pronaf), emitidas por órgãos credenciados no Ministério do Desenvolvimento Agrário -são mais de 30 mil emissores, diz a pasta.
As DAPs funcionam como um documento de identidade para agricultor ou associação e servem, entre outras coisas, para obter financiamentos e incentivos do setor.
Além disso, a cooperativa possui contratos para fornecimento de merenda escolar com cidades de Minas Gerais -semelhantes aos investigados em São Paulo-, de acordo com registros oficiais.
Além de Duarte Nogueira, foram citados em depoimentos o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Fernando Capez (PSDB), os deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB) e o deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SD).
OUTRO LADO
Em nota, Duarte Nogueira disse ver com "indignação e estarrecimento" a citação de seu nome na Operação Alba Branca. "A acusação é absolutamente irresponsável e leviana. Não conheço Coaf, não conheço Cássio Chebabi e não conheço nenhum gestor dessa cooperativa", afirmou o tucano.
O secretário acrescentou, ainda, que avalia uma ação por calúnia e difamação contra o ex-presidente da cooperativa que o citou em delação. "Em 20 anos de vida pública, jamais tive qualquer tipo de acusação. Tenho um nome a zelar e responsabilidade pelo que faço."
Também em nota, Capez afirmou repudiar "com veemência a ligação de seu nome ao escândalo Alba Branca". Ao negar a propina, o tucano classificou a fraude na merenda como "sórdida". Também citado por Cássio Chebabi, o presidente da Alesp disse que aguardará os temos de eventuais delações.
Os deputados Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB) também negaram ter recebido suborno da cooperativa de Bebedouro, assim como o deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SD).
O advogado do delator Cássio Chebabi, Ralph Tórtima Filho, disse que não pode comentar os termos do acordo.