Para ex-ministro, exigência de novo depoimento é 'absurdo surrealista'

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 25/01/2016

GABRIEL MASCARENHAS E RUBENS VALENTE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Ex-chefe de gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho classificou como "um absurdo" o fato de ter que prestar novo depoimento referente à Operação Zelotes.
Ele foi intimado como testemunha do lobista Alexandre Paes dos Santos, preso durante a operação, e vai prestar esclarecimentos à Justiça Federal em Brasília, nesta segunda-feira (25).
"Já prestei dois depoimentos. Se esses caras [investigadores] soubessem como funcionam os trâmites de assuntos econômicos de um governo, jamais eu ou o presidente Lula seríamos chamados a depor", queixou-se Carvalho à reportagem.
Em seguida, complementou o ex-chefe de gabinete: "Isso é um absurdo surrealista. É surrealista".
Inicialmente na lista de testemunhas da ação penal, o ex-presidente Lula foi dispensado de prestar novo depoimento, a pedido da defesa de Paes dos Santos, conhecido como APS.
Gilberto Carvalho criticou ainda a necessidade do testemunho de Dyogo Henrique de Oliveira, secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
Assim como Carvalho, Dyogo Oliveira é investigado pela Zelotes por suspeita de venda de medidas provisórias à iniciativa privada.
"O número dois da Economia nacional sentado aí, esperando para falar... Isso não existe", reclamou Carvalho.
SIGILO
O ex-chefe da gabinete afirmou em depoimento à Polícia Federal que intermediou reuniões de Lula com o lobista Mauro Marcondes, preso durante a Zelotes.
Carvalho, que teve os sigilos bancário e fiscal quebrados, foi citado em mensagens interceptada do lobista e de pessoas próximas. A PF encontrou, por exemplo, um e-mail de Marcondes ao chefe de gabinete de Lula em 2007, afirmando estar "recorrendo mais uma vez ao amigo".
A PF apura se Marcondes pagou propina a integrantes do governo para obter a prorrogação de uma medida provisória favorável ao setor automotivos, que ele representava.
Marcondes fez pagamentos de cerca de R$ 2,4 milhões à LFF Marketing Esportivo, empresa de Luís Cláudio Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente, e afirma que foram o pagamento por um projeto na área de esportes.
A PF investiga se há relação dos repasses com a tentativa de lobby para a prorrogação da MP.