Ex-diretor da Petrobras, delator cita propina de US$ 100 mi a governo FHC

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 11/01/2016

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou à PGR (Procuradoria-Geral da República), durante a negociação de sua delação premiada assinada em novembro, que a aquisição do conglomerado de energia argentino PeCom (Pérez Companc) pela Petrobras envolveu propina de US$ 100 milhões ao governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
O documento com a informação de Cerveró faz parte do material apreendido no gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso há quase dois meses sob acusação de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato -na época, Delcídio era filiado ao PSDB. A informação foi revelada na edição desta segunda (11) do jornal "Valor Econômico".
Segundo Cerveró, ele soube do fato por meio dos diretores da PeCom e de Oscar Vicente, que presidia a empresa quando ela foi adquirida pela estatal brasileira, em 2002. "A venda da Perez Companq envolveu uma propina ao governo FHC de US$ 100 milhões, conforme informações dos diretores da Perez Companc e de Oscar Vicente, principal operador do [ex-presidente da Argentina Carlos] Menem e durante os primeiros anos de nossa gestão", diz o anexo 25 da delação do ex-diretor.
Ele afirma ainda que cada diretor da empresa argentina recebeu US$ 1 milhão como "prêmio pela venda da empresa", e Vicente foi recompensado com o montante de US$ 6 milhões.
No entanto, Cerveró não aponta no documento os nomes dos integrantes do governo FHC que teriam se beneficiado da propina. Em 2002, a Petrobras, que era presidida por Francisco Gros comprou PeCom, considerada na época uma das maiores empresas de petróleo da América Latina, por US$ 1,027 bilhão. O presidente da estata Petrobrás, então sob o comando do presidente Francisco Gros, pagou pela Pérez Companc.
OUTRO LADO
Em nota o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu Francisco Gros, presidente da Petrobras na época da aquisição da PeCom o descrevendo como "pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação politico partidária". Sobre as informações de Cerveró, ele disse que são "afirmações vagas" e "sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação".
A advogada de Cerveró, Alessi Bransão, afirmou que a defesa não se manifestará sobre o conteúdo do documento que está sob sigilo.