Peemedebistas avaliam ação contra Nardes como "tiro no pé" do governo

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 05/10/2015

DANIELA LIMA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Integrantes de diferentes alas do PMDB avaliaram que o Planalto deu "um tiro no pé" ao lançar uma ofensiva contra o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Augusto Nardes, relator das contas da presidente Dilma Rousseff do ano de 2014, neste domingo (4).
Mesmo integrantes do partido que são simpáticos à petista e atuam como bombeiros no Congresso disseram, reservadamente, que o pedido de afastamento de Nardes do julgamento das contas de Dilma acabou por inflamar o "espírito de corpo" dos demais integrantes da Corte. Na ala da sigla que já não esconde sua contrariedade com a presidente as críticas foram contundentes.
O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), por exemplo, disse que a petista mostra sua incapacidade de avaliar a gravidade de sua própria situação ao autorizar ações como a que o advogado-Geral da União, Luís Inácio Adams, abriu contra Nardes. "A única crise que ainda não se tinha era a institucional. E o que eles fazem? Começam a criar uma", avaliou. "Boa parte dos integrantes do TCU vieram do Legislativo. O órgão é auxiliar do Congresso. Não deixa de ser uma intromissão", concluiu.
A ala mais moderada do PMDB disse que, ao pedir o afastamento de Nardes, o governo Dilma buscava apenas ganhar tempo para continuar manobrando no Congresso e tentar diminuir o ímpeto dos que trabalham pela abertura de um processo de impeachment, mas a repercussão da iniciativa foi tão ruim, avaliaram, que pode acabar desencadeando o efeito contrário.
Nesta segunda-feira (5), após reunião na Presidência do TCU, os ministros da Corte decidiram manter a data do julgamento das contas de Dilma, marcado para esta quarta-feira (7). O pedido de suspeição de Nardes será avaliado no mesmo dia, no início da sessão. Os peemedebistas acham que, com isso, o governo vai amargar uma dupla derrota: verá a Corte manter Nardes como relator do processo e o plenário rejeitar as contas da presidente, por manobras contábeis como as chamadas "pedaladas fiscais".