Para Janot, é a corrupção que diminui PIB, não a investigação da Lava Jato

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 28/08/2015

PAULA SPERB
PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta sexta-feira (28) que as investigações da Operação Lava Jato não impactaram negativamente no PIB brasileiro, que caiu 1,9% em relação ao primeiro trimestre.
"Li comentários, não sei se esta semana ou passada, que essa enorme operação em curso [Lava Jato] teve impacto negativo de 2,2% no PIB brasileiro", afirmou ele, que participou da inauguração da nova sede da Procuradoria da República, em Porto Alegre.
Ele continuou: "Não consigo entender, confesso minha limitada inteligência. Não consigo entender como uma investigação que apura um sistema de corrupção pode impactar negativamente no PIB brasileiro. Ao contrário, o que impactou negativamente foi o esquema de corrupção".
O procurador-geral também disse que o país vive uma crise "com certeza" e que está diante de um "descomunal caso de corrupção".
"Pela primeira vez enfrentamos corruptos e corruptores. Enfrentamos o poder econômico e político no exercício do poder. Não é fácil", disse Janot.
Janot também fez uma associação entre a corrupção no setor da construção civil, cujo PIB caiu 8,4%, e a inauguração do imóvel da Procuradoria. "Que esse prédio signifique que a corrupção nesse pais não é uma atividade que atinge o país como um todo", disse.
Janot foi reconduzido ao cargo na última quarta-feira (26) após uma sabatina de mais de dez horas no Senado. Janot recebeu 59 votos a favor, 12 contra e uma abstenção. Treze senadores são alvo de investigações da Lava Jato.
PROTESTOS
Centenas de servidores do órgão protestaram em frente ao prédio da Procuradoria enquanto aguardavam a chegada de Janot. Eles usavam camisetas pretas e fizeram barulho com buzinas e apitos do lado de fora do evento.
Os servidores protestam pela falta de aumento salarial e dizem que Janot "mentiu" durante a sabatina quando falou que o projeto substitutivo de reajuste salarial enviado ao Senado foi "negociado com os servidores".
Os funcionários concursados querem um reajuste de 13% que foi garantido na Justiça, afirmou Gerson Anversa, diretor do sindicato da categoria. No substitutivo de Janot, o reajuste é diluído ao longo de vários anos, disse o sindicalista.