Seis executivos viram réus por cartel no Metrô

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 24/06/2015

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Seis executivos das empresas Alstom, Tejofran, MPE e Temoinsa se tornaram réus na Justiça em São Paulo sob acusação de terem formado um cartel e fraudado licitações para a reforma de duas linhas do Metrô (a 1-Azul e a 3-Amarela) e a modernização de 98 trens em São Paulo.
O custo das obras e da modernização, estimado inicialmente em R$ 1,5 bilhão, consumiu R$ 1,7 bilhão. As disputas e contratações ocorreram entre 2007 e 2008, durante o governo de José Serra (PSDB). As investigações sobre cartel no Metrô e na CPTM abrangem o período que vai de 1999 a 2010, sempre em governos tucanos.
Os executivos podem ser condenados a penas que variam de 6 a 14 anos.
A juíza Cynthia Bezerra da Silva, no entanto, recusou o pedido de prisão do executivo César Ponce de Leon, que foi diretor da Alstom e hoje vive na Espanha. O promotor Marcelo Mendroni havia pedido a prisão do executivo por acreditar que, como ele vive fora do país, escapará de eventuais punições. De Leon, porém, se tornou réu por formação de cartel e fraude à licitação.
Os outros executivos que se tornaram réus são os seguintes: David Lopes, Maurício Memória e Wilson Daré (os três da Temoinsa), Telmo Giolito Porto (Tejofran) e Agadir Abreu (MPE).
Segundo o promotor Marcelo Mendroni, do Grupo Especial de Delitos Econômicos do Ministério Público, a divisão entre as empresas foi muito clara: "Não houve disputa alguma. Cada lote ficou com um consórcio", disse à reportagem.
Um e-mail de 2008 de César de Leon fala em "divisão do bolo", uma menção sobre a divisão da concorrência, ainda segundo a Promotoria.
OUTRO LADO
A Alstom informou que não iria se manifestar sobre a abertura da ação penal. A empresa afirmou que respeita as leis brasileiras e as regras dos editais das licitações das quais participa.
Em nota de sua assessoria de imprensa, o Grupo Tejofran "reitera com veemência" que nunca participou de cartéis e defende a lisura da atuação de seus funcionários.
A empresa afirma que mensagens citadas no inquérito tratam de tentativas de formação de um consórcio que acabou não sendo concretizado.
A Tejofran informa ainda que sua contabilidade está à disposição da Justiça, "o que permitirá comprovar que não houve sobrepreço" nos negócios com o Metrô.
A assessoria da MPE relatou que a empresa ainda não foi comunicada sobre a abertura da ação penal e por isso não iria se manifestar.
O Metrô lembrou que essa ação penal não envolve nenhum funcionário da estatal de trens e afirmou que colabora com a Justiça, além de não compactuar com nenhum tipo de irregularidade.
A reportagem não conseguiu localizar representantes da empresa Temoinsa e as defesas dos executivos acusados na noite de quarta-feira (24).