Ex-executivo da Engevix avisa a CPI que ficaria em silêncio e é dispensado

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 21/05/2015

AGUIRRE TALENTO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-vice-presidente da Engevix Gerson Almada afirmou à CPI da Petrobras nesta quinta-feira (21) que iria permanecer em silêncio durante seu depoimento e foi dispensado pelo presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB).
Integrantes da comissão criticaram duramente o deputado. Eles queriam questionar o depoente mesmo assim, na expectativa de que ele acabasse respondendo a alguma pergunta.
Em uma breve declaração inicial, Almada disse que a "eventual repercussão midiática" de suas declarações à CPI poderia prejudicar "o exercício do contraditório e da ampla defesa, os quais já têm sido desconsiderados nos processos que figuro como réu", fazendo uma crítica ao juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos criminais da Operação Lava Jato.
Almada, que havia sido preso em novembro pela operação e foi solto no fim do mês passado após habeas corpus no Supremo Tribunal Federal, disse que teve sua prisão preventiva decretada "sem que houvesse justificativa para tanto". "Desde então, não obstante minha intenção de colaborar com as autoridades, fui mantido encarcerado na sede da Polícia Federal em Curitiba."
Em seus depoimentos à Justiça Federal, Almada havia confirmado o pagamento de propinas e disse que foi extorquido.
Após sua dispensa, deputados dispararam críticas a Hugo Motta, que foi defendido pelo relator Luiz Sérgio (PT-RJ), opinando que Motta tomou a decisão para tornar mais objetivo o trabalho da comissão.
Os deputados Eliziane Gama (PPS-MA) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS) citaram o exemplo do ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) que, apesar de ter avisado que ficaria calado, acabou respondendo a algumas perguntas da CPI.
"Pedro Corrêa lá sentou e disse 'não vou falar'. Eu perguntei a ele se ele iria covardemente ficar atrás do direito constitucional ou se iria usar a dignidade de pai para no mínimo proteger a filha Aline [também acusada de se beneficiar do esquema]. Ele se desestabilizou na condição original dele e fez um longo depoimento", afirmou Lorenzoni.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que Motta cometeu um "equívoco" e "abriu um precedente perigoso" para a CPI. Comparou-o ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, segundo Valente, "toma decisões monocráticas, ditatoriais".