Para Lula, Dilma deveria acabar com fator previdenciário

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 15/05/2015

CATIA SEABRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a aliados que a presidente Dilma Rousseff, também do PT, perdeu a oportunidade de "dar uma faturada" na discussão das regras para concessão de aposentadorias.
Ele acredita que Dilma deveria se posicionar contra o fator previdenciário - criado com a intenção retardar as aposentadorias de quem deixa o serviço mais cedo -, já que o mecanismo foi flexibilizado em votação na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (13).
Em conversas, o ex-presidente disse ainda que se arrepende de ele mesmo não ter extinguido essas regras durante seu governo. Criado na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o fator é calculado de acordo com a idade do trabalhador, tempo de contribuição e expectativa de vida.
Em 2009, penúltimo ano de seu segundo mandato, foi à votação proposta do senador Paulo Paim (PT-RS) para acabar com o fator previdenciário. Mas o governo Lula avisou que só concordaria se fosse adotada nova fórmula para concessão de aposentadoria. Para o ex-presidente, Dilma deveria ter defendido o fim do fator previdenciário durante a disputa presidencial.
Além do próprio Lula, o comando do PT é contra um eventual veto da presidente à medida provisória que flexibiliza as regras para que o trabalhador tenha direito à aposentadoria integral.
RENAN CALHEIROS
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se queixaram da presidente Dilma Rousseff na tarde desta quinta-feira (14) durante almoço em Brasília.
Segundo aliados, Renan reclama do prestígio conferido ao vice-presidente Michel Temer e ao PMDB da Câmara dos Deputados em detrimento dos peemedebistas do Senado.
Ainda segundo aliados, Renan se queixa da falta de assessores do Palácio do Planalto encarregados de negociar com os parlamentares.
No mês passado, Michel Temer assumiu a articulação política do governo e tem se dedicado a negociações com deputados e à distribuição de cargos do segundo escalão.
Também no mês passado, Dilma, ao tentar agradar o PMDB da Câmara, deu o ministério do Turismo - ocupado por um aliado de Renan - à Henrique Eduardo Alves, aliado e amigo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB). A troca irritou o presidente do Senado.
De acordo com petistas, Lula tem repetido que Dilma parece concordar com suas sugestões. Mas não as põe em prática.
No almoço, Lula também fez críticas à imprensa e disse que não concederá mais entrevistas a jornalistas.