BRASÍLIA, DF - A bancada de oposição no Congresso Nacional vai protocolar nesta terça-feira (23) representações na Polícia Federal, PGR (Procuradoria-Geral da República), TCU (Tribunal de Contas da União) e CGU (Controladoria Geral da União) pedindo a investigação de um suposto esquema de desvio de recursos do Fundo de Combate à Pobreza na Bahia para financiar campanhas do PT.
As suspeitas envolvem um convênio de R$ 17,9 milhões firmado entre o governo da Bahia, comandado pelo petista Jaques Wagner, e a ONG Instituto Brasil de Preservação Ambiental para a construção de casas populares, além de contratos com prefeituras. O caso já é investigado pelo Ministério Público do Estado e auditorias do próprio governo detectaram desvios de recursos.
No fim de semana, a revista "Veja" publicou entrevista com a ex-presidente do instituto Dalva Sele Paiva, na qual ela afirma que o dinheiro desviado era repassado para campanhas do PT e aponta parlamentares beneficiados com os recursos. Por isso, a oposição também pedirá investigações ao Conselho de Ética no Congresso.
Segundo ela, entre os beneficiados do suposto esquema estão políticos como o candidato a governador Rui Costa (PT), o senador Walter Pinheiro (PT), o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Afonso Florence (PT) e o atual presidente da Embratur, Vicente José de Lima Neto.
A representação compara o suposto esquema ao do mensalão e pede investigação de crimes contra o patrimônio público e improbidade administrativa.
"É inacreditável que o PT tenha usado o Fundo de Combate à Pobreza para fazer campanha eleitoral", afirmou o deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA), líder da legenda na Câmara. Além do PSDB, assinam a representação DEM, PPS e Solidariedade.
Sobre as acusações do PT baiano de que a denúncia fora encomendada pela oposição, o senador Agripino Maia (DEM-RN) disse que são um "escudo".
"A coisa é tão evidente, um senador [Walter Pinheiro] falou inclusive batendo no PT, o que se impõe mesmo é a instauração de inquérito para apurar responsabilidades, não estamos fazendo pré-julgamento", afirmou.
Também em entrevista à "Veja", o senador petista Walter Pinheiro (BA) disse que a ex-presidente da ONG participou de sua campanha à Prefeitura de Salvador em 2008 "trazida pelo PT" e que sua campanha não se beneficiou de recursos desviados.
"É mais uma vez o PT pregando peça para cima de mim", disse Pinheiro à revista.