MATHEUS LEITÃO
BRASÍLIA, DF - O ex-senador Clésio Andrade (PMDB-MG) divulgou uma nota na noite desta sexta-feira (19) afirmando que "não tem conhecimento do inquérito" da Operação São Cristóvão, que investiga suposto esquema de desvio de ao menos R$ 20 milhões do Sest (Serviço Social do Transporte) e do Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte).
Clésio afirmou que só dará declarações à imprensa quando tiver os detalhes da investigação deflagrada nesta sexta relacionando crimes nas entidades sem fins lucrativos de apoio a trabalhadores do setor de transportes.
A nota foi divulgada após o próprio Clésio cumprir decisão judicial que o obrigou a prestar depoimento para promotores e delegados na sede do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
Suspeito de envolvimento no esquema, Clésio afirmou ainda que estava reassumindo a presidência da CNT (Confederação Nacional do Transporte), da qual estava licenciado desde abril. A CNT começou a administrar o Sest/Senat em 1993, quando o sistema foi criado.
No comunicado, Clésio afirma que tomou duas decisões ao reassumir a presidência: abertura de sindicância interna "para apuração de possíveis irregularidades divulgadas pela imprensa" e "afastar temporariamente os diretores e ou funcionários do SEST SENAT citados pela imprensa até que se termine a sindicância e apure os fatos".
Segundo a Polícia CIvil do Distrito Federal, os envolvidos são acusados de peculato, lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Os desvios milionários aconteciam, de acordo com a polícia, após a contratação de prestadores de "serviço de fachada", ligados a parentes dos investigados.
Nas buscas e apreensões realizadas nesta sexta, a polícia apreendeu 1,5 milhões em joias, R$ 1,4 milhões em espécie, R$ 500 mil em moeda estrangeira, além de 18 carros, entre eles um Porshe Cayenne. Quatro pessoas foram presas.