MST invade fazenda do senador Eunício Oliveira em Goiás

Autor: Da Redação,
domingo, 31/08/2014

JOÃO PEDRO PITOMBO
SALVADOR, BA - Uma fazenda do senador e candidato ao governo do Ceará Eunício Oliveira (PMDB) foi invadida na madrugada deste domingo (31) por 3.000 famílias do MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Com 20 mil hectares (equivalente a 20 mil campos de futebol), a fazenda Santa Mônica fica em Goiás, numa região entre os municípios de Abadiânia, Alexânia e Corumbá (120 km de Goiânia).
Em nota, o MST justificou a invasão com o argumento de que as terras do senador seriam improdutivas e arrendadas para a produção de soja e milho.
Segundo a entidade, esta seria a maior ocupação de terras em Goiás dos últimos dez anos.
"O MST denuncia a escandalosa relação do senador Eunício com expulsão de dezenas de famílias camponesas da região, com o único intuito de promover a especulação fundiária", informou a nota.
A Agropecuária Santa Mônica, empresa de propriedade do senador que administra a fazenda, afirmou em nota que a invasão "é um ato surpreendente por se tratar de uma área totalmente produtiva" e seguir "as normas da legislação trabalhista, tributária e ambiental".
"Confiamos na atuação das autoridades, em todas as esferas de responsabilidade, no sentido de, o mais rápido possível, apresentarem soluções pacíficas para o caso", afirmou Ricardo Augusto, diretor administrativo da Agropecuária Santa Mônica.
A assessoria de imprensa de Eunício Oliveira informou que o caso será tratado no âmbito administrativo e que o senador não falaria sobre o assunto.
CRÍTICA
Em nota oficial, o MST criticou o que chamou de "profundos vínculos" do Estado brasileiro com o agronegócio e a ampla presença de parlamentares ruralistas no Congresso Nacional.
"Com essa ocupação, o MST reafirma seu compromisso com a sociedade brasileira de lutar pelo fim do latifúndio, contra o agronegócio e pela produção de alimentos saudáveis para o povo da cidade e do campo", diz a nota.
Procurada pela reportagem, a assessoria do MST afirmou que nem dirigentes da entidade, nem representantes das famílias que invadiram a fazenda falariam sobre o assunto.