Ibope mostra Dilma "derretendo", diz Serra; FHC faz avaliação diferente

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 28/03/2014





Por Gabriela Terenzi e Ricardo Mendonça

SÃO PAULO, SP, 28 de março (Folhapress) - O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) afirmou hoje que a queda da aprovação da presidente Dilma Rousseff mostra que a petista "está derretendo".

"A avaliação de governo tem um papel determinante na eleição", completou Serra. De acordo com uma pesquisa do Ibope divulgada ontem, o índice de pessoas que consideram a gestão federal boa ou ótima caiu de 43% para 36% desde novembro.

No mesmo instante em que o ex-governador fazia essas afirmações para um grupo de repórteres, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também falava com jornalistas em outra roda, a menos de cinco metros de distância. E fazia uma avaliação diferente. Segundo FHC, pesquisas feitas agora "não ditam o que vai acontecer".

"O cenário eleitoral não está posto. População não está pensando em eleição agora [...] Quando saí do governo para ser candidato à Presidência, em maio [de 1994], pensei até em desistir por causa das pesquisas. Em julho, eu estava começando a melhorar. E depois ganhei em primeiro turno", explicou FHC.

Os tucanos também fizeram comentários sobre a criação da CPI da Petrobras no Senado. Para FHC, "a CPI não pode se transformar num palco político, tem que ser realmente para investigar o que aconteceu na Petrobras porque é sério". Ele afirmou ainda que não é para ser uma CPI contra a presidente. "Até porque a Dilma teve um ato de coragem ao dizer "olha, eu não sabia daquilo", e com isso ela foi sincera", completou.

O principal objetivo da CPI seria investigar a compra da refinaria de Pasadena nos Estados Unidos, negócio que custou US$ 1,18 bilhões à estatal. Em 2005, a mesma refinaria havia sido comprada por uma empresa belga, a Astra Oil, por US$ 42,5 milhões.

Serra criticou a intenção dos governistas de incluir no rol de investigações da CPI as suspeitas de formação de cartel e fraudes em licitações de trens em São Paulo. A ideia de expandir o leque de apurações da comissão seria uma forma de atingir tucanos, já que as suspeitas pairam sobre gestões do PSDB no governo paulista de 1998 a 2008, o que abrange as gestões de Mário Covas, de Geraldo Alckmin e do próprio Serra.

"[Ampliar o leque da CPI] É acima de tudo uma postura pouco inteligente. De subestimar a inteligência das pessoas. Quando [você] é acusado de alguma coisa, você tem de se defender. Essa ideia de contra-ataque dá uma ideia de artificialidade e de pouca convicção quanto à defesa que você tem de fazer", disse o ex-governador.

Serra e Fernando Henrique participaram do seminário "O golpe de 1964: o passado e o presente 50 anos depois", evento organizado pelo instituto FHC.