Esquerda e direita reeditam eventos que antecederam o golpe de 64

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 12/03/2014





Por Lucas Vettorazzo

RIO DE JANEIRO, RJ, 12 de março (Folhapress) - Passados 50 anos do golpe de 1964, movimentos de esquerda e direita reeditarão, simbolicamente, os eventos que marcaram os dias que antecederam à implementação do regime militar que durou 21 anos no país.

Partidos de esquerda, centrais sindicais e movimentos estudantis e sociais farão, às 15h de amanhã, no Rio, um ato relembrando o chamado Comício da Central do Brasil ou Comício das Reformas, ocorrido em 13 de março 1964.

Nele, o então presidente João Goulart defendeu as reformas agrária, bancária, administrativa, universitária e eleitoral. Os jornais divulgaram à época público entre 100 e 200 mil pessoas.

Além do ato público, marcado para o mesmo local, haverá durante todo o dia o seminário "50 anos do Comício da Central: o Brasil que perdemos com o golpe militar", no prédio da UERJ.

Participam a família Goulart - a viúva do ex-presidente, Maria Thereza, e seus dois filhos, João Vicente e Denise -, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, o ex-ministro Waldir Pires, que foi consultor-geral da República durante o governo Jango, e de um dos líderes do MST, João Pedro Stédile.

Às 17h o seminário fará um intervalo para que os presentes possam participar do ato que estará em curso na Central do Brasil.

"É uma "descomemoração" do golpe. As reformas defendidas por meu pai há 50 anos ainda se fazem necessárias no país, já que infelizmente não foram postas em prática. O seminário é para manter viva a memória de que o Brasil teve interrompido um processo que seria crucial para o seu desenvolvimento social", afirmou à reportagem, João Vicente Goulart, 57, presidente do Instituto Presidente João Goulart.

O clima de polarização fomentado pela Guerra Fria na década de 1960 motivou uma reação ao comício e a realização, seis dias depois, da Marcha da Família Com Deus pela Liberdade, que teve a participação, segundo publicações à época, de 500 mil pessoas.

Representantes da igreja e de setores conservadores da sociedade marcharam em São Paulo. Os dois eventos serviram de pano de fundo para que menos de quinze dias depois o presidente fosse deposto e o regime militar, instaurado.

Tal qual no passado, ativistas de direita também estão prevendo uma edição da marcha da família, marcada para o próximo dia 22, sábado, desta vez em 41 cidades brasileiras. Nenhum dos movimentos, contudo, admite que as "reedições" ocorreram em resposta uma a outra.